sábado, 29 de junho de 2013

FERNANDO NAMORA

 
 
 
 
 
 
 
          Fernando Namora nasceu em Condeixa-a-Nova no dia 15 de Abril de 1919 e viveu até 31 de Janeiro de 1989.
 
Foi médico e escritor.
 
Publicou uma extensa obra traduzida em várias línguas. Pertenceu ao grupo literário “Geração de 40”, no qual participavam os escritores Mário Dionísio, Joaquim Namorado, Carlos de Oliveira, João José Cochofel, entre outros.
 
Como médico, exerceu na sua terra natal, no Alentejo e na Beira Baixa.    Foi assistente no Instituto de Oncologia, em Lisboa.
 
Como escritor iniciou-se em 1933 com a publicação de um livro de poemas intitulado “Relevos”.
 
Em 1941, ainda estudava, fez parte do projecto "Novo Cancioneiro", uma colecção poética de 10 volumes, cujo primeiro livro foi “Terra”, de inspiração neo-realista.
 
Além de poesia, Fernando Namora publicou romances, biografias romanceadas, narrativas de viagem, com destaque para os cadernos de um escritor, contos, novelas, memórias.
Colaborou em diversa revistas, tais como “Sol Nascente”, “Revista de Portugal”, “Vida Mundial Ilustrada”, “Ver e Crer”, “Diabo”, “Mundo Literário”, “Seara Nova”, “Eva”, “Presença”, “Vértice”, etc.
 
Foi sócio do Instituto de História da Medicina. Foi eleito membro honorário da Universidade do Alasca, da Hispanic Society of America, de Nova Iorque, e do Instituto Médico de Sófia.
 
Pertenceu à Instituição de Fernando, o Católico, de Saragoça; ao Instituto de Coimbra; à Associação Brasileira de Escritores Médicos; à Academia das Ciências de Lisboa; à Academia Brasileira de Letras.
Foi também eleito membro da Academia Europeia das Ciências Artes e Letras.
 
Da sua vasta obra destacam-se, aleatoriamente, os livros: “As Sete Partidas do Mundo”, “Fogo na Noite Escura”, “Os Clandestinos”, “Resposta a Matilde”, “As Minas de S. Francisco”, “A Noite e a Madrugada”, “O Homem Disfarçado”, “Mar de Sargaços”, “Marketing”, “ Cidade Solitária” e diversas memórias, crónicas e ensaios.
 
A sua criação poética foi reunida na antologia “As Frias Madrugadas”.
 
As obras “Retalhos da Vida de um Médico”,“ O Trigo e o Joio” e “Domingo à Tarde”, foram adaptadas para o cinema.
 
Em 1981, a Academia das Ciências de Lisboa e o PEN Club propuseram a candidatura de Fernando Namora ao Prémio Nobel de Literatura.
 
Em Condeixa existe a Casa Museu Fernando Namora, inaugurada em 30 de Junho de 1990 por iniciativa de um grupo de amigos.
 
Fernando Namora é dos escritores portugueses mais conhecido no Brasil. Publicou através das editoras Globo e Nórdica, em Porto Alegre e Rio de Janeiro, respectivamente.
 
 
Fernando Namora foi um homem de grande sensibilidade poética.
 
Do livro "Mar de Sargaços", o poema:
 
Intimidade
 
 
Que ninguém hoje me diga nada.
Que ninguém venha abrir a minha mágoa,
esta dor sem nome
que eu desconheço donde vem
e o que me diz.
É mágoa.
Talvez seja um começo de amor.
Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao
mundo.
Pode ser tudo isso, ou nada disso.
Mas não o afirmo.
As palavras viriam revelar-me tudo.
 E eu prefiro esta angústia de não saber de quê.

 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

MACHADO DE ASSIS - Lágrimas de Cera

 
 
 
 
Machado de Assis, nasceu no Morro do Livramento, Rio de Janeiro.
(1839-1908)
        Poeta, romancista, dramaturgo, contista, cronista, jornalista e crítico literário, foi considerado o maior escritor brasileiro e um dos grandes nomes do Realismo.
        A análise e reflexões críticas sobre a sociedade brasileira, são características presentes nas suas obras.
        Fundou, em colaboração com outros escritores, a “Academia Brasileira de Letras”, da qual foi o primeiro presidente.
Do livro “ Falenas”, o poema:
       
Lágrimas de Cera
 
Passou; viu a porta aberta.
Entrou; queria rezar.
A vela ardia no altar.
A igreja estava deserta.

Ajoelhou-se defronte
Para fazer a oração;
Curvou a pálida fronte
E pôs os olhos no chão.

Vinha trémula e sentida.
Cometera um erro. A Cruz
É a âncora da vida,
A esperança, a força, a luz.

Que rezou? Não sei. Benzeu-se
Rapidamente. Ajustou
O véu de rendas. Ergueu-se
E à pia se encaminhou.

Da vela benta que ardera,
Como tranquilo fanal,
Umas lágrimas de cera
Caíam no castiçal.

Ela porém não vertia
Uma lágrima sequer.
Tinha a fé, — a chama a arder,
Chorar é que não podia.
 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

FERNANDO PESSOA - Liberdade

 
 
 
 
Liberdade
 
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
 
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
 
 Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
 
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
 
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
 
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
 
 
 

terça-feira, 25 de junho de 2013

LUÍS DE CAMÕES – O tempo acaba o ano, o mês e a hora

 
 
 
                                O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
 
O tempo busca e acaba onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
 
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.
 
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

WILLIAM BUTLER YEATS

 
 
 
                             WILLIAM BUTLER YEATS
 
         Poeta Irlandês. (1865-1865)
         Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1923.
 
 
Velejando para Bizâncio
 
Velhos não têm país.
Os jovens tão enlaçados e as aves em trinado
- levas que hão-de ir - açudes do salmão,
mares de cavalas em cardume, e alçado em peixe,
carne ou pássaro, no verão, tudo o que nasce e morre,
após gerado, desleixa em sensual música infrene
testemunhos do espírito perene.
 Um homem velho é coisa não prestante,
um casaco de trapos em bengala,
a menos que a alma bata as mãos e cante,
cante alto os mortais trapos a tapá-la,
sem escola de canto e perscrutante
dos monumentos dessa excelsa gala;
asim cruzei os mares e assim
a Bizâncio, cidade santa, vim.
Sábios que estais no fogo divinal
como em mosaico de oiro na parede,
girai, do fogo santo, em espiral,
mestres do canto e da minha alma sede.
E consumi meu coração: em mal
de ansiar e preso a um bicho à morte, vede,
não sabe o que é; levai-me de verdade
ao artifício da eternidade.
Ido eu da natureza, não se irá
meu corpo em forma natural formar,
mas qual de ourives grego ela será
de oiro batido e de oiro a esmaltar
que apático imperador despertará,
ou posta em ramo de oiro há-de cantar,
nobres e damas de Bizâncio a ouvir,
do que passou, ou passa, ou há-de vir.
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

NELSON MANDELA E EDDY GRANT

 
 
 
Nelson Mandela nasceu em Mvezo, África do Sul, em 1918.
Estudou Direito em Joanesburgo. Em 1942, aderiu ao Congresso Nacional Africano (ANC).
Organizou a resistência, não violenta, à política governamental de apartheid. Esteve preso durante vários anos.
Em 1991, o ANC foi legalizado, e Mandela eleito seu Presidente.
Após a realização de eleições livres, acordadas com o Presidente Klerk, Mandela
tornou-se o primeiro Presidente negro de África do Sul, entre 1944-1999.
Recebeu, conjuntamente com Klerk, o Prémio Nobel da Paz, por estabelecerem os princípios para uma nova África do Sul democrática.
 
Eddy Grant nasceu em Plaisance, Guiana, em Março de 1948.
Em 1968 integrou o grupo multirracial “The Equals”. Foi guitarrista e compositor. Escreveu diversas canções contra o apartheid.
No 90º aniversário de Nelson Mandela, Eddy Grant dedicou-lhe a famosa canção “Gimme Hope Jo´anna”, que contém uma importante mensagem política contra o regime que vigorava na África do Sul.
O nome “Jo´annna” não se refere a um nome feminino, mas sim a Joanesburgo, a maior cidade de Africa do Sul, onde estava o núcleo de todo o movimento racial.
Estes dois homens provaram que, através do combate político e da música, é possível transformar mentalidades no sentido de construir a liberdade e o respeito pelos Direitos Humanos.
NELSON MANDELA:
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, pela sua origem ou ainda pela sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”
Letra original da canção “Gimme Hope Jo´anna”
Well Jo´anna she runs a country
She runs in Durban and the Transvaal
She makes a few of her people happy, oh
She don´t care about the rest at all
She's got a system they call apartheid
It keeps a brother in a subjection
But maybe pressure wil make Jo´anna see
How everybody could a live as one
Gimme hope, Jo´anna
Hope, Jo´anna
Gimme hope, Jo´anna
'Fore the morning come
Gimme hope, Jo´anna
Hope, Jo´anna
Hope before the morning come
I hear she makes all the golden money
To buy new weapons, any shape of guns
While every mother in the black Soweto fears
The killing of another son
Sneakin' across all the neighbours' borders
Now and again having little fun
She doesn't care if the fun and games she play
Is dang'rous to ev'ryone
She's got supporters in high up places
Who turn their heads to the city sun
Jo´anna gives them the fancy money, oh
To tempt anyone who'd come
She even knows how to swing opinion
In every magazine and the journals
For every bad move that this Jo´anna makes
They've got a good explanation
Even the preacher who works for Jesus
The Archbishop who's a peaceful man
Together say that the freedom fighters
Will overcome the very strong
I wanna know if you're blind Jo´anna
If you wanna hear the sound of drums
Can't you see that the tide is turning, oh
Don't make me wait till the morning come
Gimme hope, Jo´anna
Hope, Jo´anna
Gimme hope, Jo´anna
'Fore the morning come
Gimme hope, Jo´anna
Hope, Jo´anna
Hope before the morning come.
o
 
 
 
 
 
 
 
 

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...