domingo, 30 de junho de 2019

AS CRIANÇAS DURANTE O HOLOCAUSTO (VI)




AS CRIANÇAS DURANTE O HOLOCAUSTO (VI)

(continuação)


As autoridades alemãs também encarceraram um grande número de crianças em campos de concentração e nos de trânsito. Médicos e pesquisadores “médicos” das SS as utilizavam, principalmente aos gémeos, para experiências médicas cruéis que resultavam na morte destas crianças.

As chefias dos campos obrigavam os adolescentes, principalmente judeus, a trabalho forçado nos campos de concentração, onde muitos morriam.

Os nazistas mantinham outras crianças sob condições aterrorizantes nos campos de trânsito, como ocorreu com Anne Frank e sua irmã em Bergen-Belsen, e também com crianças não-judias, órfãs de pais assassinados pelas unidades militares e policiais nas chamadas operações anti-partisans.

Alguns destes órfãos eram mantidos temporariamente no campo de concentração de Lublin/Majdanek, bem como em outros campos de detenção.

(continua)



in “Holocaust Encyclopedia”
Imagem: Crianças à espera da execução pelo Einsatzgruppen - Unidade móvel de Extermínio.





sábado, 29 de junho de 2019

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - GIÓRGOS SEFÉRIS – O Último Dia



GIÓRGOS SEFÉRIS
(Turquia, 1900 – Grécia, 1971)
Poeta, escritor

***


Poeta grego vencedor do Prémio Nobel de 1963. O poema aqui publicado é um prenúncio do que estava por vir, sobre a sua pátria e sobre toda a Europa, nos anos imediatamente seguintes. Com a deflagração da Segunda Guerra, ele acompanhou o governo grego no exílio por diversos países, num tour que começou na ilha de Creta e terminou na Itália.


 ***

 O ÚLTIMO DIA

Era um dia nublado. Ninguém decidia.
Soprava uma brisa leve. "Não é o vento leste, é o siroco" disse alguém.
Alguns magros ciprestes espetados na encosta e o mar cinzento com lagoas de luz um pouco adiante.
Os soldados apresentavam armas quando começou a chuviscar.
"Não é o vento leste, é o siroco" foi a única decisão que se escutou.
E no entanto sabíamos que na manhã seguinte não nos restaria
mais nada, nem a mulher que ao nosso lado bebe o sono, nem a lembrança de que um dia fomos homens,
mais nada na manhã seguinte.


"Este vento traz à mente a primavera", dizia a amiga
que passeava comigo a olhar para longe "a primavera
que de repente fez baixar o inverno sobre o mar fechado. Tão inesperado. Tantos anos se passaram. Como morreremos?


"Uma marcha fúnebre zanzava pela chuva fina.
Como morre um homem? Estranho que ninguém pensasse nisso.
E para os que pensaram era como recordações de velhas crónicas
do tempo dos cruzados e da batalha naval de Salamina.
E no entanto a morte é coisa que acontece; como morre um homem?
E no entanto cada um recebe a sua morte, a sua própria morte, que não pertence a mais ninguém
e a vida é esse jogo.
Baixava a luz sobre o dia nublado, ninguém decidia.
Na manhã seguinte não nos restaria nada: rendição total; sequer as nossas mãos;
e nossas mulheres servindo aos estrangeiros, nossos filhos nas pedreiras.
Passeando comigo minha amiga cantava uma canção estropiada:
"A primavera, o verão, raiás...
"Vinham à lembrança velhos mestres que nos deixaram órfãos.
Passou um casal a conversar:
"Eu me cansei da tarde, vamos para casa
vamos acender a luz de casa."

Atenas, Fevereiro de 39





Tradução; José Paulo Paes
in “Segunda Guerra Mundial Uma - Antologia Poética – Sammis Reachers




sexta-feira, 28 de junho de 2019

UMA ÓPERA DO SÉCULO XXI




UMA ÓPERA DO SÉCULO XXI

A 20 de Outubro de 1973 tem-se a revelação de um edifício que muito rapidamente se converterá num dos ícones arquitectónicos do século XX: O Teatro de Ópera de Sydney. As medidas desta nova catedral do canto lírico são espectaculares: 185 m de comprimento, 120 m de largura, 67 m de altura; mais de 2 ha de superfície no total. 

A construção do edifício demorou mais de 14 anos e foi salpicada por contínuas polémicas entre o arquitecto e as autoridades (Utzon desvinculou-se do projecto em 1966). 

O projecto original contemplava quatro teatros independentes, mas o revolucionário desenho inicial deparou com as limitações técnicas da época, tendo, por isso, de ser alterado em numerosas ocasiões. 

A obra escolhida para tão memorável ocasião foi Guerra e Paz, de Serguei Prokofiev.




in “Auditorium”




quinta-feira, 27 de junho de 2019

MANUEL RIBEIRO DE PAVIA – Pintor, desenhador




MANUEL RIBEIRO DE PAVIA
(Pavia, Arraiolos, Portugal, 1907 - Lisboa, 1957)
Pintor, desenhador


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Integra-se no movimento neo-realista, sendo uma das suas figuras mais exemplares. Várias das suas obras foram apreendidas na II Exposição Geral de 1947.

Através da deformação vincadamente expressiva e do colorido vibrante evocou sobretudo temas alentejanos. Distinguiu-se também como ilustrador. A sua obra de desenhador, marcada pelo gosto de uma estética fortemente decorativa, tem temática dominante de referência alentejana, exposta só postumamente, em 1958, na Sociedade Nacional de Belas-Artes.




in “Grande Livro dos Portugueses”