sábado, 31 de outubro de 2020

LENDA - Dom Fuas Roupinho



DOM FUAS ROUPINHO


Dom Fuas Roupinho era alcaide do castelo de Porto de Mós e como desde Porto de Mós, embora seja bastante longe, até à costa era quase tudo ermos e florestas o Dom Fuas dizem que costumava caçar bastantes vezes afastando-se do seu castelo em Porto de Mós.

E então, D. Fuas será do tempo de D. Afonso Henriques e teria sido nomeado precisamente pelo D. Afonso Henriques como alcaide-mor do castelo de Porto de Mós e então conta-se que um dia estando ele, ou tendo ido ele caçar, fazer uma grande montaria com mais um ou dois cavaleiros para os lados da Nazaré que lhe apareceu um veado, há quem conte que esse veado era o próprio demónio, há quem conte que era simplesmente um veado. 

O tempo estaria encoberto, como muitas vezes se sucede na Nazaré e o D. Fuas começou em perseguição desse veado.

Na versão que conta que conta que seria o diabo, então o diabo para tentar o D. Fuas, fez-lhe ou engodou na perseguição e quando o D. Fuas reparou o cavalo estava mesmo sobre o precipício muito alto da Nazaré e o veado, que seria neste caso o diabo, precipitou-se pela rocha fora e o D. Fuas ia no cavalo, tentou estancar o cavalo, mas viu que não conseguiu e pediu ajuda à Nossa Senhora da Nazaré que lhe apareceu e conseguiu parar o cavalo.

Hoje existe essa mesma rocha, portanto essa rocha é prolongada, em relação à riba é uma rocha pontiaguda, triangular e nela foi feito uma pequena ermida. E também nesse morro foi construído um mosteiro que actualmente ainda existe, é o Mosteiro da Nazaré, e é um dos primeiros mosteiros senão do tempo de D. Afonso Henriques pelo menos do tempo muito próximo dessa era.

Há na rocha uma concavidade que dizem que é a pata onde o cavalo, onde as patas de trás do cavalo e as pessoas têm muita curiosidade de ir lá ver o sítio onde o cavalo teria estancado e ficado com as patas da frente no ar e as patas de trás com tanta força que marcaram a rocha. Claro que é uma lenda.





sexta-feira, 30 de outubro de 2020

QUE FALEM MAL, MAS QUE FALEM




QUE FALEM MAL, MAS QUE FALEM


«Porque razão escreve assim? O senhor tem talento, não necessita de fazer isso.» Com estas palavras, Richard Strauss perguntava ao jovem Paul Hindemith o porquê do seu estilo provocador, evidente nos ritmos da Suite 1922 para piano, ou no seu Kammermusik nº1, em que inclui o som de uma sereia no último andamento.

Strauss devia referir-se sobretudo às suas óperas, uma espécie de trilogia que o músico escreveu entre 1919 e 1921, integrada por Assassino, esperança das mulheres, Das Nusch-Nuschi e Santa Susana. 

Esta última é representada em Frankfurt a 26 de Março de 1822 e suscita um escândalo sem precedentes, não tanto pela essência da sua música com pela do seu argumento, que, situado no ambiente de um convento de clausura, trata da natureza carnal do êxtase místico.

A obra baseia-se numa belíssima balada do poeta expressionista alemão August Stram.







in”Auditorium”







quinta-feira, 29 de outubro de 2020

ÓPERA – TURANDOT




ÓPERA – TURANDOT


Turandot, última ópera de GIACOMO PUCCINI é composta por três actos, com libreto de Giuseppe Adami e Renato Simoni, baseado numa peça de Carlo Gozzi com a adaptação de Friedrich von Schiller.
Estreou, em 25 de Abril de 1926, no Teatro alla Scala em Milão, sob a regência de Arturo Toscanini.

*

Esta ópera inclui a ária «Nessun Dorma» e passa-se na antiga Pequim.

Calaf, que esconde ser filho de um governante exilado, obtém a mão da altiva e cruel princesa Turandot respondendo correctamente a três enigmas. O castigo para o fracasso é a morte. Calaf acaba por conquistar o amor dela com um beijo apaixonado.





in “Óperas Imortais”




quarta-feira, 28 de outubro de 2020

JACINTO SIMÕES – Médico, poeta


                                      

                   JACINTO SIMÕES – Médico, poeta

(Lisboa, Portugal, 1925 – 2010)

***

Após completar os estudos liceais, em 1943, ingressou na Faculdade de Medicina de Lisboa tendo concluído a Licenciatura, em 1949, com 18 valores.

Seguindo as passadas do pai, figura destacada da República, despertou muito cedo para a política tendo sido um dos fundadores do MUD Juvenil em 1945. No início de 1946, participou também na fundação da Juventude Socialista Portuguesa, fazendo parte do seu directório inicial.

Colaborou ainda na revista Seara Nova e, em 1949, apoiou a candidatura oposicionista de Norton de Matos à Presidência da República.

Privou com Mário de Azevedo Gomes, Bento de Jesus Caraça, António Sérgio, Câmara Reis, Jaime Cortesão, tornando-se um frequentador e organizador de tertúlias e, durante muitos anos, recebeu semanalmente na sua casa de Linda-a-Velha, muitas das principais figuras intelectuais e artísticas do país.

Foi também um membro do Grande Oriente Lusitano, tendo entrado para a maçonaria em 1952 pela mão de Vasconcelos Frazão, assistente do médico Luís Hernâni Dias Amado.

Dedicou-se de corpo e alma à sua carreira médica, tendo sido médico dos Hospitais Civis e Director Clínico do Hospital de Santa Cruz. 

Foi pioneiro no tratamento da insuficiência renal, por hemodiálise e transplante em Portugal, e dirigiu durante longos anos o serviço de Nefrologia do Hospital de Santa Cruz. 

Paralelamente foi professor universitário, obtendo o seu Doutoramento na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, onde se jubilou como Professor Catedrático Convidado.

Desenvolveu ainda actividade literária no campo do ensaio e da poesia, publicando alguns livros de poemas como Latitudes (1999), Recaídas (2001) e Poemas Imprevistos (2003).



Fonte: Fundação Mário Soares


terça-feira, 27 de outubro de 2020

RAUL DE CARVALHO - Amiúde



RAUL DE CARVALHO
(Alvito, Portugal, 1920 – Porto, 1984)
Poeta

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AMIÚDE

 

No vale dos afectos

ninguém está seguro:

mingua a lembrança

Esquece-se o rosto,

Retorna-se ao eu,

Os lábios secam, as palavras dormem, os sonhos dispersam-se a

presença ausenta-se, há o lago de que não se vê o fundo

 

E apenas as pequenas ilusões

-um café, o cigarro, a limonada -

imitam dois corações unidos...






 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

BULHÃO PATO – Anjo caído



BULHÃO PATO
(Bilbau, Espanha, 1828 - Monte da Caparica, Portugal, 1912)
Poeta

***

Poeta romântico, caracterizava-se pelo excesso de idealismo, pelo diletantismo do homem de letras, gosto pelo estilo sentimental e lírico, pela natureza, a mulher, os gestos galantes e o erotismo de tertúlia. Traduziu Shakespeare e Victor Hugo.

Fonte: “Enciclopédia Portuguesa”
***

ANJO CAÍDO

Na flor da vida, formosa,
Ingénua, casta, inocente,
Eras tu no mundo, rosa!
Quem te arrojou de repente
Para o abismo fatal!
Viste um dia o sol de Abril;
O teu seio virginal
Sorriu alegre e gentil.

Ergueu-se aos clarões suaves
D'aquela doce alvorada
A tua face encantada.
Amaste o doce gorjeio
Que desprendiam as aves,
E no teu cândido seio
Quanto amor, quanta ilusão
Alegre pulava então!

Mal haja o fatal destino,
Maldita a sinistra mão,
Que em teu cálix purpurino
Derramou fera e brutal
Esse veneno fatal.

Hoje és bela; mas teu rosto
Que outr'ora alegre sorria,
É todo melancolia!
Hoje nem sol, nem estrela,
Para ti brilha no céu;
Mal haja quem te perdeu!



Imagem: Retrato de Bulhão Pato (1883) por Columbano Bordalo Pinheiro. Museu do Chiado.




domingo, 25 de outubro de 2020

ÁLVARO SALEMA - Stendhal (I)



ÁLVARO SALEMA
(Viana do Castelo, Portugal, 1914 - 1991)
Ensaísta, crítico literário

***

STENDHAL (I)


Henry Beyle, que alcançou a imortalidade na literatura sob o nome de Stendhal, foi acima de tudo um espectador apaixonado, caloroso sob uma timidez inata, lúcido e quase cínico, do seu próprio tempo. 

As circunstâncias proporcionaram ao seu talento irrequieto e estranho um dos mais ricos panoramas vivos da história. Nascendo em Grenoble, em 1783, no seio de uma família abastada e reaccionária, foi em Paris, logo depois do 18 Brumário, que começou verdadeiramente a sua vida. 

Daí em diante acompanha como espectador ao mesmo tempo sensibilizado e desdenhoso, algumas vezes como actor que se não deixa cegar pelo acontecimento, a aventura política e militar da França durante mais de quarenta anos. 

Ainda pensou em fazer o curso da Escola Politécnica de Paris nesse findar tumultuoso do século XVIII que para sempre marcara alguns dos cunhos decisivos da sua personalidade; mas o grande ímpeto de acção daquela época arrebatou-o como a tantos outros.

(continua)
 



in “Mundo Literário” - 1946




sábado, 24 de outubro de 2020

EUGÉNIO DE ANDRADE – A uma cerejeira em flor




EUGÉNIO DE ANDRADE
(Fundão, Portugal, 1923 - Porto, 2005)
Poeta

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A UMA CEREJEIRA EM FLOR

Acordar - ser na manhã de Abril
a brancura desta cerejeira,
arder das folhas à raiz,
dar versos ou florir desta maneira.

Abrir os braços, acolher nos ramos
o vento, a luz, ou o quer que seja,
sentir o tempo, fibra a fibra,
a tecer o coração de uma cereja.




sexta-feira, 23 de outubro de 2020

ALDA LARA - Testamento



ALDA LARA
(Benguela, Angola, 1930 - Cambambe, 1962)
Poetisa

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Poeta da "Geração Mensagem", a escritora demonstrou, desde cedo, o seu amor pela arte. Tornou-se uma exímia declamadora. Nos seus recitais de poesia, em Lisboa e em Coimbra, Alda Lara divulgava a poesia dos poetas do além-mar. 

Naquela época, praticamente ninguém conhecia a poesia negra, sobretudo a africana. Alda Lara carregava, na palavra, toda a ternura e a firmeza de uma verdadeira mulher africana, que se solidariza com o drama do outro e lhe dirige o olhar de uma atenta máter. Era uma narradora de reconhecido quilate. 

in “ União dos Escritores Angolanos” (excertos)

***

TESTAMENTO

À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...

E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...

Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...

E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.

Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,

Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

MATILDE ROSA ARAÚJO - Lua Cheia




MATILDE ROSA ARAÚJO
(Lisboa, Portugal, 1921-2010)
Professora, escritora, poetisa

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LUA CHEIA

Mãe, a Lua está tão cheia!
Tão cheia!
Não se vai entornar?
A mãe abraçou o filho
Com seus braços de Lua Nova
Com seu coração de Quarto Crescente
E contou-lhe devagarinho
A história do Quarto Minguante.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

WALT WHITMAN - Nenhum animal é insatisfeito



WALT WHITMAN
(EUA, 1819 – 1892)
Poeta, ensaísta

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NENHUM ANIMAL É INSATISFEITO

Eu penso que poderia retornar e viver com animais, tão plácidos e autocontidos; eu páro e ponho-me a observá- los longamente.

Eles não se exaurem e gemem sobre a sua condição; eles não se deitam despertos no escuro e choram pelos seus pecados; eles não me deixam nauseado discutindo o seu dever perante Deus.

Nenhum deles é insatisfeito, nenhum enlouquecido pela mania de possuir coisas; nenhum se ajoelha para o outro, nem para os que viveram há milhares de anos; nenhum deles é respeitável ou infeliz em todo o mundo.




in "Song of Myself"




terça-feira, 20 de outubro de 2020

ERASMO DE ROTERDÃO - Humanista



ERASMO DE ROTERDÃO 
(Roterdão, Países Baixos, 1466 - Basileia, Suíça, 1536)
Filósofo, humanista

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Foi o humanista de maior influência do Renascimento. A sua sátira da sociedade renascentista e do ambiente monástico, a sua crítica das falhas da Igreja Católica, a tentativa de conciliar o cristianismo com a cultura clássica fizeram com que fosse considerado um dos precursores da Reforma, apesar da sua moderação.

Viaja por toda a Europa, conhece Thomas More e John Colet.

Em 1524 escreveu De libero arbitrio, contra as teses de Lutero.

De 1531 a 1535, vive em Friburgo, mantendo correspondência com humanistas. Faz referência a vários humanistas portugueses, por exemplo a André de Resende e Damião de Góis, sendo este último um dos seus amigos íntimos.

A sua vasta produção literária compreende livros escolares, pedagogia, textos bíblicos, patrísticos e teológicos. 

Critica o monaquismo e a corrupção do clero. Exalta uma espiritualidade mais profunda, que contrasta com a superficial religiosidade vulgar.

A sua obra mais conhecida é a sátira Elogio da Loucura, Adagiorum Collectanea, Ciceronianus, etc.





in “Enciclopédia Portuguesa”                                




segunda-feira, 19 de outubro de 2020

FRANCISCO MANUEL DE MELO - Mas adonde irei eu, que este não seja



FRANCISCO MANUEL DE MELO
      (Lisboa, Portugal, 1608 – 1666)   
Escritor

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Cultivou diversos géneros literários, abrangendo a sua obra a poesia, o teatro, a crítica, a história, a epistolografia e o didactismo social. É um dos grandes prosadores da língua portuguesa da época barroca.


in “Portugueses Célebres”

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MAS ADONDE IREI EU, QUE ESTE NÃO SEJA

Mas adonde irei eu, que este não seja,
Se a causa deste ser levo comigo?
E se eu próprio me perco, e me persigo,
Quem será que me poupe ou que me reja?

Porque me hei-de queixar do Tempo e Inveja,
Se eu a quis mais fiel ou mais amigo?
Fui deixado em si mesmo por castigo:
Triste serei em quanto em mim me veja.

Esta empresa que em mim tanto em vão tomo,
Esta sorte que em mim seu dano ensaia,
Esta dor que minha Alma em mim cativa.

Vós só podeis mudar. Mas isto como?
Como? - Fazendo que a minha alma saia
De mim, senhora, e dentro de vós viva.


in "Antologia Poética"





domingo, 18 de outubro de 2020

LIMA DE FREITAS – VIEIRA DA SILVA e os seres dos espelhos (X)



LIMA DE FREITAS
(Setúbal, Portugal, 1927 — Lisboa, 1998)
Pintor, desenhador, escritor

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Lima de Freitas é considerado um “Artista Total”, com um importante percurso criativo e humanista na cultura portuguesa contemporânea: pintor, ilustrador, ensaísta e brilhante investigador. Foi membro fundador da CIRET em Paris, a partir de 1992 da Comissão Consultiva junto da UNESCO para a transciplinaridade. É autor de ensaios e livros sobre temas de semiótica visual, estética e simbologia, bem como de inúmeros escritos sobre arte.
Fonte: “Centro Português de Serigrafia” (excerto)

***

VIEIRA DA SILVA E OS SERES DOS ESPELHOS (X)

(continuação)

Conta Jorge Luiz Borges, no seu «Manual de zoologia fantástica», que em tempos muito recuados, na velha China, «o mundo dos espelhos e o mundo dos homens comunicavam um com o outro e eram totalmente diferentes. Ambos os reinos viviam em paz; entrava-se e saía-se pelos espelhos. Uma noite as gentes dos espelhos invadiram a terra. A sua força era grande, mas, ao cabo de sangrentas batalhas, as artes mágicas do Imperador Amarelo prevaleceram. Rechaçou os invasores, encarcerou-os nos espelhos e impôs-lhe a tarefa de repetir, como numa espécie de sonho, todos os actos dos homens. Privou-os da sua força e da sua figura e reduziu-os a meros reflexos servis. Um dia, porém, eles sacudirão essa letargia mágica.

O primeiro a despertar será o Peixe. No fundo do espelho aperceberemos uma linha muito ténue, e a cor dessa linha será uma cor que não se parece com nenhuma outra. Depois, irão despertando as outras formas. Gradualmente diferirão de nós, gradualmente deixarão de nos imitar. Romperão as barreiras de vidro ou de metal e, desta vez, não serão vencidos. Como as criaturas dos espelhos combaterão as criaturas da água.

No Yunnan não se fala de Peixe mas sim do Tigre do Espelho. Outros entendem que antes da invasão ouviremos, vindo do fundo dos espelhos, o rumor das armas» …

Na pintura de Vieira da Silva começa a grande revolta contra a magia do Imperador Amarelo. Reparem bem na «Chambre à carreaux» ou no «Atelier» ou no «Cirque»: já aí se ouve, ao fundo, o rumor das armas, distinguem-se já, confusas, evanescentes, as palpitações, as súbitas correrias, o arfar misterioso desses seres do outro lado do espelho.

Do outro lado? Que digo eu?
O outro lado é este!

(Fim)


in ”Voz Visível” – Ensaios – 1971




sábado, 17 de outubro de 2020

MARIA TERESA HORTA - Minha senhora de mim




MARIA TERESA HORTA
(Lisboa, Portugal, 1937)
Poetisa, escritora

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MINHA SENHORA DE MIM

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

recusando o que é desfeito
no interior do meu peito 










sexta-feira, 16 de outubro de 2020

OS GREGOS E ROMANOS




OS GREGOS E ROMANOS


Os gregos antigos eram músicos talentosos que admiravam o poder da música para comover e distrair o ouvinte.

Usavam vários instrumentos diferentes, tais como os pífaros de Pã, a cítara (uma lira de 12 cordas) e “aulos” (pífaro de palheta dupla) e tocavam música em banquetes, cerimónias e em peças de teatro.

Muitos dos dramaturgos gregos mais famosos eram igualmente músicos.

O escritor Sófocles (495-406 a.C.) era também um dos bailarinos mais famosos do seu tempo.

Timóteo (446-357 a.C.) e Filóxeno (430-380 a.C.) eram compositores notáveis, escrevendo música vocal comovente e explorando novas de composição musical. A sua música era baseada em escalas, conhecidas como modos.

Os etruscos e romanos foram fortemente influenciados pela música e dança dos antigos gregos.

A bailarina mais conhecida do mundo romano foi talvez a princesa do século I a.C., Salomé, que se diz ter executado a famosa dança dos sete véus frente a Herodes Antipas.





in “1000 Anos”




quinta-feira, 15 de outubro de 2020

AUGUSTO CASIMIRO - Velando



AUGUSTO CASIMIRO
(Amarante, Portugal, 1889 - Lisboa, 1967)
Poeta

***

Amigo de Raul Brandão, Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão (de quem era cunhado) e Raul Proença, foi um poeta voltado para temas marítimos, patrióticos e amorosos, eivados de religiosidade, saudosismo, amor à vida e aos valores tradicionais.

Fonte: DGLAB (excerto)

***
VELANDO

Junto dela, velando... E sonho, e afago
Imagens, sonhos, versos comovido...
Vejo-a dormir... O meu olhar é um lago
Em que um lírio alvorece reflectido...

Vejo-a dormir e sonho... Só de vê-la
Meu olhar se perfuma e em minha vista
Há todo um céu de Amor a estremecê-la
E a devoção ansiosa dum Artista...

- Nuvem poisada, alvente, sobre a neve
Das montanhas do céu, – ó sono leve,
Hálito de jasmim, lírio, luar...

Respiração de flor, doçura, prece...
-Ó rouxinóis, calai! Fonte, adormece!...
Senão o meu Amor pode acordar!...