Luiza
Neto Jorge nasceu em Lisboa, no dia 10 de Maio de 1939 e viveu
até 23 de Fevereiro de 1989.
Foi
poetisa e tradutora.
Estudou
Filologia Romântica na Faculdade de Letras de Lisboa, onde fundou o “Grupo de
Teatro de Letras”. Desistiu do curso e foi viver para Paris durante oito anos.
Em
1960 publicou o seu primeiro livro intitulado: “Noite Vertebrada”.
É
considerada a poetisa mais marcante do grupo de poetas do
Movimento
“Poesia 61”, que procurou renovar a linguagem poética, pesquisando novas
capacidades gramaticais e semânticas. O surrealismo influenciou a sua escrita.
Muitos dos seus poemas foram
traduzidos para vários idiomas.
Está
representada na maioria das antologias de poesia contemporânea.
Em 1993, foi editado o volume “Poesia”, no qual se encontra reunida toda a sua obra poética.
Escreveu para teatro e cinema. Foi autora de
diálogos para os filmes “Brandos Costumes” e “A Ilha dos Amores”.
Minibiografia
Não
me quero com o tempo nem com a moda
Olho como um deus para tudo de alto
Mas zás! do motor corpo o mau ressalto
Me faz a todo o passo errar a coda.
Porque envelheço, adoeço, esqueço
Quanto a vida é gesto e amor é foda
Diferente me concebo e só do avesso
O formato mulher se me acomoda
E se nave vier do fundo espaço
Cedo raptar-me, assassinar-me, cedo:
Logo me leve, subirei sem medo
À cena do mais árduo e do mais escasso.
Um poema deixo, ao retardador:
Meia palavra a bom entendedor.
Olho como um deus para tudo de alto
Mas zás! do motor corpo o mau ressalto
Me faz a todo o passo errar a coda.
Porque envelheço, adoeço, esqueço
Quanto a vida é gesto e amor é foda
Diferente me concebo e só do avesso
O formato mulher se me acomoda
E se nave vier do fundo espaço
Cedo raptar-me, assassinar-me, cedo:
Logo me leve, subirei sem medo
À cena do mais árduo e do mais escasso.
Um poema deixo, ao retardador:
Meia palavra a bom entendedor.
Luiza
Neto Jorge, in “A Lume”.
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