António Ramos Rosa nasceu em Faro, Portugal, no dia 17 de Outubro de 1924. Viveu até
ontem, dia 23 de Setembro de 2013.
Poeta, ensaísta, tradutor, crítico literário, é considerado um dos
grandes nomes da poesia contemporânea.
Em 1958, publicou o primeiro livro intitulado “ O Grito Claro”.
Foi fundador e co-director de algumas revistas literárias, tais como:
“Árvore”; “Cadernos do Meio-dia”;
“Cassiopeia”, além de colaborar em publicações espanholas, francesas e
brasileiras.
A sua obra está traduzida em várias línguas.
António Ramos Rosa recebeu diversos prémios, dos quais se destacam:
“Prémio Fernando Pessoa”, em 1988; “Prémio PEN Clube Português”; “Grande Prémio
de Poesia”, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores”; “Prémio de
Tradução”, da Fondation de Hautvilliers;
“Prémio
do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários”; “Poeta
Europeu da Década”, atribuído pelo Collége
de L'Europe, atribuído em 1991.
No início deste ano, António Ramos
Rosa ofereceu o seu espólio à autarquia de Faro.
Escrevo-te com o fogo e a água
Escrevo-te com o fogo e a água. Escrevo-te
no sossego feliz das folhas e das sombras.
Escrevo-te quando o saber é sabor, quando tudo é surpresa.
Vejo o rosto escuro da terra em confins indolentes.
Estou perto e estou longe num planeta imenso e verde.
O que procuro é um coração pequeno, um animal
perfeito e suave. Um fruto repousado,
uma forma que não nasceu, um torso ensanguentado,
uma pergunta que não ouvi no inanimado,
um arabesco talvez de mágica leveza.
Quem ignora o sulco entre a sombra e a espuma?
Apaga-se um planeta, acende-se uma árvore.
As colinas inclinam-se na embriaguez dos barcos.
O vento abriu-me os olhos, vi a folhagem do céu,
o grande sopro imóvel da primavera efémera.
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