quinta-feira, 22 de maio de 2014

Lygia Fagundes Telles

 
 
 
 

Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo, Brasil, no dia 19 de Abril de 1923.

Frequentou a Universidade de Direito de São Paulo, tendo obtido, em 1945, o grau de bacharel.

Em 1938, publicou o primeiro livro de contos intitulado “Porão e Sobrado”.

Colaborou em revistas e jornais.

O livro de contos “Praia Viva”, colocou-a na vanguarda do movimento pós-modernista.

O seu nome consta na colectânea “Os Dezoito Melhores Contos do Brasil”, publicada em 1968.

Realizou inúmeras conferências, destacando-se a que proferiu sobre a poesia de Carlos Drummond de Andrade.

É profundamente conhecedora da Literatura Portuguesa.

Em 1976, integrou o grupo de intelectuais que assinou o “Manifesto do Mil”, protestando contra a censura no Brasil.

É membro da “Academia Paulista de Letras”, da “Academia Brasileira de Letras” e da “Academia das Ciências de Lisboa”.

Ganhou inúmeros prémios, entre os quais: “Prémio Camões 2005”; “Prémio do Instituto Nacional do Livro”; “Prémio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro”.


Palavras de Lygia Fagundes Telles:
“Enriqueço na solidão: fico inteligente, graciosa e não esta feia ressentida que me olha do fundo do espelho. Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo a alegria está instalada em mim.”
 
 
Excerto do conto “Herbarium”:
 
“Todas as manhãs eu pegava o cesto e me embrenhava no bosque, tremendo inteira de paixão quando descobria alguma folha rara. Era medrosa mas arriscava pés e mãos por entre espinhos, formigueiros e buracos de bichos (tatu? cobra?) procurando a folha mais difícil, aquela que ele examinaria demoradamente: a escolhida ia para o álbum de capa preta. Mais tarde, faria parte do herbário, tinha em casa um herbário com quase duas mil espécies de plantas. "Você já viu um herbário" - ele quis saber.
Herbarium, ensinou-me logo no primeiro dia em que chegou ao sítio. Fiquei repetindo a palavra, herbarium. Herbarium. Disse ainda que gostar de botânica era gostar de latim, quase todo o reino vegetal tinha denominação latina. Eu detestava latim mas fui correndo desencavar a gramática cor de tijolo escondida na última prateleira da estante, decorei a frase que achei mais fácil e na primeira oportunidade apontei para a formiga saúva subindo na parede: formica bestiola est. Ele ficou me olhando. A formiga é um inseto, apressei-me em traduzir. Então ele riu a risada mais gostosa de toda a temporada. Fiquei rindo também, confundida mas contente: ao menos achava alguma graça em mim.
Um vago primo botânico convalescendo de uma vaga doença. Que doença era essa que o fazia cambalear, esverdeado e úmido quando subia rapidamente a escada ou quando andava mais tempo pela casa?”
 
Lygia Fagundes Telles, in “Os Melhores Contos de Lygia Fagundes Telles”
                     
 
 
 

 

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