sexta-feira, 2 de maio de 2014

Vitorino Nemésio


Vitorino Nemésio (1901-1978) nasceu na Praia da Vitória, Açores, Portugal.
Poeta, romancista, ensaísta, cronista, ficcionista, biógrafo, jornalista, professor, investigador, historiador e conferencista, é considerado um dos escritores mais expressivos do século XX.

Foi Professor Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa. 

Com quinze anos de idade publicou o primeiro livro de poemas “Canto Matinal”.

Em 1927, pertenceu ao movimento da “Presença”. Dez anos depois, fundou a “Revista de Portugal”.

Algumas das suas obras: “O Bicho Harmonioso”; “O Verbo e a Morte”; “Canto de Véspera”; “Varanda de Pilatos”; “Conhecimento de Poesia”; “Corsário das Ilhas”.

Em 1944, foi publicado o famoso romance  “Mau Tempo no Canal”.
Foi  colaborador habitual de revistas e jornais, comunicador de rádio e televisão.
Em 1969, apresentou o programa televisivo, de sua autoria, “Se bem me lembro…”.

Foi Membro da Academia das Ciências de Lisboa e correspondente da Academia Brasileira de Letras .

Na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, está situado o “Centro Internacional de Estudos Nemesianos”.

Em Lugar da Portela de Oliveira, na Serra do Buçaco, está localizado o “Museu do Moínho Vitorino Nemésio”. Este Moínho foi doado pelos herdeiros do escritor à autarquia, que o recuperou. O escritor possuía três moínhos no concelho de Penacova, tendo sido “Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Moínhos”.
 
Recebeu o “Prémio Nacional de Literatura” e o “Prémio Montaigne”.

Palavras de Vitorino Nemésio:
“Sou contraditoriamente religioso e ateu. Religioso nas horas vagas.”

 

Quando Toda és Terra a Terra

Marga, teu busto tufa,
Dois gomos e véus de ilhal
Palpitam palmo de gente
Nesse tefe-tefe igual
E há qualquer coisa de ardente
Que se endireita e que rufa
Nem tambor a general.

Marga, teu peitinho estringes,
Toca a quebrados na praça
De armas que empunham rapazes
De guarda a uma egípcia esfinge,
E um vento de guerra passa
E o pau da bandeira ringe
Antes de fazer as pazes.

Marga, que deusa de guerra,
A Miosótis se interpôs
Quando toda és terra a terra
Cálice de rododendro
Zango nunca em ti se pôs
Em estames senão tremendo...

 
Vitorino Nemésio, in "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga".

 

Sem comentários:

Enviar um comentário