sábado, 5 de julho de 2014

JOSÉ RÉGIO

 
 

 
José Régio (1901-1969) nasceu em Vila do Conde, Portugal.

Iniciou a sua carreira literária com notáveis obras poéticas. Mais tarde, dedicou-se ao teatro, à critica e ao ensaio.

Em 1927, fundou, com outros escritores, a revista “Presença” que iniciou a segunda geração de intelectuais do Modernismo português. A primeira geração esteve ligada à revista literária “Orpheu”.

Publicou, entre outras, as obras: As Encruzilhadas de Deus, Jacob e o Anjo, Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa, Jogo da Cabra Cega, Fado, Benilde e a Virgem Mãe, O Príncipe com Orelhas de Burro, Há Mais Mundos.

Recebeu os galardões: “Grande Prémio da Novelística”; “Prémio Diário de Notícias”; “Prémio Nacional de Poesia”.
 
 

Palavras de José Régio:
“Procurei fugir de mim, mas sei que sou meu exclusivo fim.”
 

       
            Soneto de amor
 
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., — unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... — abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
 
José Régio, in “Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, Eugénio de Andrade”                         


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