quarta-feira, 20 de agosto de 2014

ELA

 
 
 
 
 
 
 

                          Ela

 

Ela pode ser o rosto que eu não consigo esquecer
Um traço de prazer ou de arrependimento
Talvez meu tesouro ou
O preço que eu tenho que pagar.

Ela pode ser a música que o verão canta
Talvez o frescor que o outono traz
Talvez uma centena de coisas diferentes
No espaço de um dia.

Ela pode ser a bela ou a fera
Talvez fome ou a fartura
Pode transformar cada dia em um paraíso
Ou em um inferno.

Ela pode ser o espelho do meu sonho
O sorriso refletido no rio
Ela pode não ser o que parece ser
Dentro de sua concha.

Ela, que sempre parece tão feliz no meio da multidão
Com os olhos tão pessoais e tão orgulhosos
Mas que não podem ser vistos
Quando choram.

Pode ser o amor que não espera que dure
Pode vir das sombras do passado
Que eu irei me lembrar até o dia de minha morte.

Ela talvez seja o motivo para eu sobreviver
A razão pela qual eu estou vivo
A pessoa que cuidarei através
Dos difíceis e imediatos anos.

Eu, eu pegarei as risadas e as lágrimas dela
E farei delas todas minhas recordações
Para onde ela for, eu tenho que estar lá
O sentido da minha vida é ela.

 

 
Charles Aznavour, cantor e compositor francês de origem arménia.
Ilustração: pintura de Meifang Wang (Pequim, China, 1949)

 

 


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