domingo, 30 de novembro de 2014

Levanta-se ao amanhecer como os padeiros

 
 
 
 
 

 
Levanta-se ao amanhecer como os padeiros

 
A minha amada possui a cintura esbelta e firme.
Já estive num avião e de cima ela parece mais pequena
mas ainda que eu fosse piloto assim me agradaria.

Ela própria lava a roupa, a espuma sonha e treme nos seus braços,
ajoelha-se como se rezasse, esfrega o chão
e, ao acabar, ri alegremente.
O seu riso é uma maçã cuja casca morde com estrépito
e também a maçã ri, então, às gargalhadas.
Quando amassa o pão levanta-se ao amanhecer
como os padeiros, parentes dos fornos de pão suave
que vigiam com as suas longas pás.
A farinha, ao derramar-se, voa até aos seus peitos livres
onde fica a dormir tranquilamente,
tal como a minha amada no leito perfumado,
depois de esfregar
e de abraçar, até limpar completamente, o meu coração.

A minha esposa será como ela se eu crescer e amadurecer como um homem
e casar-me-ei como o meu pai.

 
 

Imagem: quadro do pintor expressionista Edvard Munch (Noruega,1863-1944).

 
 

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