terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ELOY FARIÑA NÚÑEZ - A Serpente

 
 
 
 
 
 

Eloy Fariña Núñez (Humaitd, Paraguai, 1885 – Buenos Aires, Argentina, 1929).

Poeta, ensaísta, dramaturgo e jornalista, autor de Canto Secular, obra considerada como os Lusíadas paraguaio, foi um dos mais importantes poetas modernistas de língua castelhana.

Foi protagonista da denominada “Geração dos Novecentos, um grande movimento revitalizador cultural que tinha como objectivo arrebatar a sociedade paraguaia da apatia do pós-guerra de 1870.

 
 
 

               A Serpente

 

                               Meu coração é uma vasta fogueira:
arde, crepita, verte luz, se inflama
e em torrentes de fogo se derrama,
como o sol na metade da carreira.

É luz que nos altares reverbera
e que em fulgor celestial se esparrama,
e é serpentina e corrosiva chama
que em satânico incêndio degenera.

Sobre meu coração, vulcão ardente,
põe tua mão devagar, suavemente,
e escuta que é furioso o seu latejo.

Talvez, por tuas virtudes escolhida,
fique a teus pés, arfando, retorcida,
a maldita serpente do Desejo.


Eloy Fariña Núñez     
Tradução: Sólon Borges do Rei

 
 
 
 

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