sábado, 18 de abril de 2015

ADEODATO BARRETO - O Génesis da Mulher

 
 
 
 
 

ADEODATO BARRETO (Margão, Goa, Índia, 1905 – Coimbra, Portugal, 1937).

Poeta e escritor, expoente da cultura luso-indiana, foi o introdutor do verso irregular na literatura goense.

Com 18 anos partiu para Portugal, onde se formou em Ciências Histórico-Filosóficas.

Civilização Hindu é considerada a mais relevante obra em prosa de Adeodato Barreto.
 
 

  O Génesis da Mulher


Deus, logo que fez as flores,
Parou e pôs-se a cismar...
- Falta a flor dos meus amores.
Vou outra flor inventar.

Colheu lírios e boninas,
Rosa... cravo e malmequer,
Mogarins, zaiôs e cravinas...
E fez de tudo a mulher.

Viu, porém, que a nova flor
Era a que mais graça tinha
Disse, então, cheio de amor:
- Não és só flor, és rainha!

Pôs-lhe na fronte a pureza,
Na boca um terno sorriso,
No coração a firmeza...
Esqueceu dar-lhe... juízo.


Adeodato Barreto

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