quarta-feira, 15 de abril de 2015

LUÍS DE STTAU MONTEIRO – Angústia para o Jantar

 
 
 
 

Luís de Sttau Monteiro (Lisboa, Portugal, 1926 – 1993).

Foi dramaturgo, encenador, jornalista, romancista e tradutor.
O seu humor corrosivo em relação à ditadura e à Guerra Colonial, fê-lo estar na mira da polícia política, sendo preso pela Pide quando publicou “A Estátua” e a “Guerra Santa”.
Angústia para o Jantar é um texto de grande força dramática, no qual o autor denuncia, firmemente, o ambiente social e político vivido durante o Estado Novo.
 
 
Excertos do romance: Angústia para o Jantar:
 
(…) “Nunca vi nada que não fosse lógico. Tudo tem uma lógica, muito embora esteja por vezes escondida. É a isso que chamamos o segredo das coisas. O que distingue os homens lúcidos dos inconscientes é que os primeiros procuram descobrir a lógica das coisas, ao passo que os segundos julgam que as coisas surgem por si próprias e procuram, não a sua lógica, mas a sua rima.” (…)
(…) “A cidade, vista à noite, é estranha. Já pensou no que farão em casa todos esses tipos que a gente vê na rua, com emblemas do Benfica na lapela? Uns emblemas feitos de pedrinhas?
– Sou um deles.
– É? E que faz você à noite, em casa?
Hoje era capaz de responder. À noite, em casa, repetimos o que fizemos durante o dia: nada. À noite, em casa, continuamos a esperar pela morte e, quando ela se aproxima, compreendemos que devíamos ter feito mais qualquer coisa.” (…)
 
 
Luís de Sttau Monteiro
 
 
 

 

 

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