quinta-feira, 14 de maio de 2015

BORIS VIAN: Há sol na rua

 
 
 
 
 
 

Boris Vian (Ville-d´Avray, França, 1920 – Paris, França, 1959).

Foi poeta, romancista, dramaturgo, cronista, tradutor, declamador, músico, crítico de jazz, cantor, actor, engenheiro mecânico e inventor.

Fascinado pelas actividades intelectuais dos surrealistas manteve, desde muito novo, interesse pela “cultura do absurdo” ao longo da sua vida.

Deixou uma marca indelével na vida cultural e artística francesa. Os seus romances são, hoje, clássicos da literatura francesa.

A música avant-garde, a modernidade do seu trabalho e a sua rebeldia tornaram-no um ídolo para a nova geração de franceses.

O livro Não queria partir, é a obra poética mais bem elaborada. São poemas onde a morte se entranha profundamente, mas o poeta usa-a com humor, a sua melhor arma.

 

Palavras de Boris Vian:

“O que conta não é a felicidade de toda a gente, mas a felicidade de cada um.”
 
 
 
Há sol na rua
 
Há sol na rua
Gosto do sol mas não gosto da rua
Então fico em casa
À espera que o mundo venha
Com as suas torres douradas
E as suas cascatas brancas
Com suas vozes de lágrimas
E as canções das pessoas que são alegres
Ou são pagas para cantar
E à noite chega um momento
Em que a rua se transforma noutra coisa
E desaparece sob a plumagem
Da noite cheia de talvez
E dos sonhos dos que estão mortos
Então saio para a rua
Ela estende-se até à madrugada
Um fumo espraia-se muito perto
E eu ando no meio da água seca .
Da água áspera da noite fresca
O sol voltará em breve
 
Boris Vian

 
 

 

 

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