quarta-feira, 18 de novembro de 2015

MARIA ARCHER - Macau, uma cidade famosa no oriente

 
 
 
 
 

Maria Archer (Lisboa, Portugal, 1899-1982).

Foi escritora, dramaturga, conferencista, tradutora e jornalista.
Publicou, em Luanda, o seu primeiro livro de parceria com Pinto Quartim Graça – Três Mulheres.

Além de Angola, viveu em Moçambique e na Guiné Bissau, o que lhe possibilitou tratar com a sua experiência, o enorme problema das antigas províncias ultramarinas portuguesas.

Viveu também no Brasil, onde publicou quatro livros: Fronteira da África, Brasil, África sem Luz e Terras onde se fala Português.

A sua obra está frequentemente ligada a problemas sociais e às questões da condição feminina.

Regressou a Portugal em 1979.

Passou os seus três últimos anos de vida internada num asilo, em Lisboa, sofrendo o isolamento e a injustiça da sociedade da época.


 
Palavras de Maria Archer:

“A minha obra literária tem sido norteada pelo princípio vital de rebater o conceito arcaico da inferioridade mental da mulher.”
 
 
Macau, uma cidade famosa no oriente (1960)
 
Macau, hoje em dia, é uma cidade famosa no Oriente, e tão alegre, tão luxuosa, tão urbanizada, como as cidades portuguesas ou brasileiras de primeira categoria.
As suas ruas e avenidas são largas, de bom pavimento de asfalto ou cimento, perfeitamente sinalizadas e de circulação regulamentada. Possui parques arrelvados, jardins floridos, e profusa arborização. É uma cidade policroma, elegante e moderna, que se impõe ao primeiro olhar. Os forasteiros gabam os hotéis de Macau, luxuosos, cômodos, e adaptados, uns à vida européia, outros à vida chinesa.
Cabo submarino, que a liga, na profundidade dos mares, a toda a Terra, estação de Rádio, com que comunica, pelos ares, com Portugal e o mundo civilizado, rede de telefones automáticos, instalada um ano antes da de Lisboa, ascensores nos edifícios, iluminação elétrica, indústrias movidas a eletricidade, água canalizada, esgotos, serviços de autocarros, camionagem e automóveis, estabelecimentos comerciais dignos de Paris, bancos, fábricas, hospitais, asilos, escolas, tribunais, cinemas, clubes, edifícios magníficos, uma intensa vida elegante, um forte movimento comercial — eis o expoente da beleza, do conforto e da riqueza da Leal Cidade.
A população é enorme, comprimida na pequena área. Orçava, antes da guerra, por uns 200 mil indivíduos, dos quais 4 mil portugueses, 500 de nacionalidades diversas, e chineses os restantes. Agora tem uma enorme população de refugiados chineses, grande parte vivendo em cima de barcos ancorados no porto interior.
 
 
Maria Archer
Macau, uma cidade famosa no oriente, in “Terras onde se fala Português”.
Imagem: Macau anos 60

 
 

 
 

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