sábado, 5 de dezembro de 2015

CARLOS QUEIRÓS - Anti-Soneto - Ao Mário Saa

 
 
 
 
 

Carlos Queirós (Lisboa, Portugal, 1907 – Paris, França, 1949).

Crítico literário e de arte, ensaísta e poeta do segundo modernismo português, foi um dos grandes nomes da revista “Presença”.


Anti-Soneto -  Ao Mário Saa

 
O nosso drama de portugueses,
O nosso maior drama entre os maiores
Dos dramas portugueses,
É este apego hereditário à Forma:
Ao modo de dizer, aos pontinhos nos ii,
Às vírgulas certas, às quadras perfeitas,
À estilística, à estética, à bombástica,
À chave de ouro do soneto vazio
- Que põe molezas de escravatura
Por dentro do que pensamos
Do que sentimos
Do que escrevemos
Do que fazemos
Do que mentimos.

Carlos Queirós, in “Cadernos de Poesia”

 
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário