sábado, 12 de março de 2016

MAURICE BÉJART – Dançarino e Coreógrafo






Maurice Béjart (Marselha, França, 1927 – Lausana, Suiça, 2007).

Nasceu francês, morreu suíço e disse (dias antes de falecer) que queria acabar com a cidadania belga.

Béjart é um nome bem conhecido dos portugueses não só porque, em 1947, actuou em Lisboa com o Ballet Solange Schwarz, como coreografias suas foram, posteriormente, aqui dançadas pelos Ballets des Étoiles de Paris, pelos Ballets de Paris, por Rosella Hightower, pelo Summer Festival Ballet, por Sylvie Guillem (com Laurent Hilaire) e pelo Ballet Gulbenkian, entre outros.

Companhias sob a sua direcção também visitaram Portugal, designadamente, o Ballet Théâtre Maurice Béjart (1959), os Ballets do Século XX (em 65, 68 e 74) e o Béjart Ballet Lausanne, em 1998, 2002 e 2004.

Ao longo da sua profícua carreira o coreógrafo marselhês evoluiu de obras mais intimistas para bailados de grandes massas. Ele terá sido um dos primeiros criadores contemporâneos a investir em espectáculos para espaços abertos como nos Jogos Olímpicos de Montreal, nos Festivais de Avignon ou nas festas do Partido Comunista Francês, no Parque de La Courneuve, em Paris.

O seu trabalho, essencialmente baseado na técnica académico-clássica, possui uma forte vertente física e sensual, destacando-se um evidente peso da componente masculina nas suas coreografias.

O seu fascínio pela dança indiana, cujos princípios incorporou em algumas das suas mais belas obras, e uma aura de misticismo, vieram-lhe através da filosofia oriental. Aliás, antes da dança, Maurice Béjart teve formação em filosofia, já que era filho do filósofo Gaston Berger. Converteu-se ao islamismo em 1973.

É de destacar também a sua acção pedagógica através da criação de duas escolas emblemáticas, a Mudra, em Bruxelas e Dakar, e a Rudra, em Lausanne, de onde saíram nomes como Anne Teresa de Keersmaeker e Maguy Marin. Alguns portugueses passaram por ambas mas apenas Jorge Trincheiras fez parte do elenco de uma das suas companhias, o Ballet do Século Vinte.

Entre as suas peças de referência contam-se ‘A Sagração da Primavera’, ‘O Pássaro de Fogo’, ‘Romeu e Julieta’, ‘Bolero’, ‘Nona Sinfonia’ e ‘Bakti’.
Logo a seguir à revolução de 25 de Abril, em 74, Béjart fez saber junto da Fundação Gulbenkian que desejava voltar a Lisboa, por estar banido dos palcos portugueses desde 68, após ter sido conduzido à fronteira espanhola a seguir a um espectáculo do seu "Romeu e Julieta", no Coliseu. 

Como introdução da obra, no dia a seguir à morte de Robert Kennedy, Béjart fez um discurso antiditatorial pelo que foi expulso pela Pide perante a passividade de artistas, políticos e da própria Fundação Calouste Gulbenkian. Diz-se que Azeredo Perdigão, o então presidente da FCG, teve uma "zanga" com Oliveira Salazar devido a este incidente. 

Como atrás se afirmou, Maurice Béjart regressou em 74, com o mesmo "Romeu e Julieta" de 68. Em 93, obras suas foram dançadas num programa de concerto protagonizado por Laurent Hillaire e pela mega estrela da Ópera de Paris, Sylvie Guillem, nos Encontros Acarte. 

Em 98, veio a Lisboa com "Le Prebistère N'a Rien Perdu de Son Charme, ni le Jardin de Son Éclat" - peça concebida como homenagem a Jorge Donn e a Freddie Mercury.



Fonte: Revista da Dança

                     
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Palavras de Maurice Béjart:

"Eu creio que a gente morre sempre a tempo. O tempo é contado de maneira diferente para cada um, mas nós morremos a tempo".




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