sexta-feira, 3 de junho de 2016

VIRGINIA VITORINO - Renúncia





Virgínia Vitorino (Alcobaça, Portugal, 1895 – 1967).
Poetisa, escritora teatral e professora.

Fez os cursos de Piano, de Canto e Harmonia no Conservatório Nacional de Lisboa.
Em1927, foi nomeada professora deste estabelecimento de ensino, onde regeu as disciplinas de Português, Francês e Italiano.

Dirigiu o Teatro Radiofónico, na ex-Emissora Nacional, de 1935 a 1951, usando o pseudónimo de Maria João do Vale.
Estreou-se literariamente em 1917, com a publicação do soneto Incerteza, na edição da noite de O Século.

Publicou, em livro: Namorados, Apaixonadamente e Renúncia.
Dedicou-se depois a escrever para o teatro: Degradados, A Volta, Fascinação, Manuela, Camaradas, Vendaval.
Traduziu peças de vários autores.
Tanto as peças originais como as traduções foram levadas à cena no Teatro D. Maria II, de Lisboa

Pronunciou as conferências: Esta Palavra Saudade e Esta Palavra Poesia.

Tem colaboração dispersa por jornais e revistas nacionais e brasileiros, e ainda nos Diários Associados, no Brasil.

Foi agraciada com o grau de Oficial da Ordem de Cristo, com a comenda da Ordem de Sant´Iago, e com a Cruz de Afonso XII, de Espanha.


in Dicionário de Mulheres Célebres



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Palavras de Virgínia Vitorino:
“Principiei a fazer versos porque sentia em mim o desejo imperioso de repartir com alguém a minha ansiedade de mostrar a toda a gente o excesso de emoção que me consumia, de comunicar com o mundo através do ritmo dos versos e da cadência dos sons.”


Renúncia



Fui nova, mas fui triste; só eu sei
como passou por mim a mocidade!
Cantar era o dever da minha idade…
Devia ter cantado, e não cantei!

Fui bela. Fui amada. E desprezei…
Não quis beber o filtro da ansiedade.
Amar era o destino, a claridade…
Devia ter amado, e não amei!

Ai de mim! Nem saudades, nem desejos;
Nem cinzas mortas, nem calor de beijos…
— Eu nada soube, nada quis prender!

E o que me resta? Uma amargura infinda:
ver que é, para morrer, tão cedo ainda,
e que é tão tarde já para viver!


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