quarta-feira, 27 de julho de 2016

JORGE PEIXINHO - Compositor






Jorge Peixinho (Montijo, Portugal, 1940 – Lisboa, 1995).

Foi um dos mais importantes compositores portugueses do século XX, tendo tido um papel fundamental na actualização do panorama musical do país entre 1961 e meados da década de 1980, não apenas através da sua actividade criativa, mas também enquanto incansável divulgador, ensaísta e intérprete.

A sua obra, em que se detecta uma progressiva evolução estilística, conjuga com uma crescente originalidade a flexibilidade da ideia ou da execução musical e o rigor da escrita.

Iniciou, no Montijo, os estudos de piano com sua tia Judite Rosado.
Estudou Composição no Conservatório Nacional, em Lisboa, com Artur Santos (1948- 1954) e Jorge Croner de Vasconcellos (1954-1956). Terminou em 1958 o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional, onde trabalhou com Fernando Laires.

Como bolseiro da Fundação Gulbenkian, aperfeiçoou-se em Composição em Roma entre 1959 e 1961 com Boris Porena e Goffredo Petrassi, adoptando então o cromatismo integral e o atonalismo serial como base para a assimilação de novas técnicas criativas.

Na Holanda, em 1960, familiarizou-se com as possibilidades oferecidas pelos estúdios de música electrónica. Trabalhou ainda com Luigi Nono em Veneza e com Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen em Basileia, tendo frequentado, na década de 1960, os cursos internacionais de composição de Darmstadt, onde participou em obras colectivas orientadas por Stockhausen.

Em Lisboa, Peixinho divulgou, com grande escândalo, a música de John Cage (1961, 1964); dirigiu cursos de música contemporânea em colaboração com Louis Saguer e Pierre Mariettan (1962-1964).

Desdobrou-se como pianista, crítico musical, conferencista e ensaísta; e participou ainda em estrepitosos "happenings" multimedia (1965, 1967).

Em 1970, fundou o influente Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, que dirigiu até à sua morte, tendo-se apresentado com ele em diversos países da Europa e da América do Sul; o GMCL abriu uma janela sobre a criação contemporânea internacional e permitiu que nomes como Constança Capdeville e Emmanuel Nunes, entre outros, se fizessem ouvir.

Na obra de Peixinho, a crescente influência de Stockhausen é detectável a partir de 1963, culminando na acentuada componente aleatória de "Eurídice Re-amada" (1968).

De 1969 em diante, a música de Peixinho ganhou um lirismo particular, facilmente reconhecível, baseado no entretecer de citações, na distensão temporal e no refinamento tímbrico.

A sua influência foi grande no meio nacional; compositores como Clotilde Rosa, Paulo Brandão ou Isabel Soveral devem-lhe um impulso decisivo para a sua evolução artística.

Jorge Peixinho recebeu vários prémios nacionais de composição. 



in Grupo de Música Contemporânea de Lisboa (excertos)



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