sábado, 27 de agosto de 2016

ANTÓNIO MARIA LISBOA - Que pensar destes poemas





António Maria Lisboa (Lisboa, Portugal, 1928 – 1953).

Foi com Mário Cesariny de Vasconcelos o iniciador do movimento surrealista em Portugal, tendo colaborado, em 1949, na primeira manifestação pública do Movimento Surrealista e na Primeira Exposição Surrealista Portuguesa.

Publicou em 1952 a conferência-manifesto Erro Próprio. Esteve por duas vezes em Paris (1949 e 1951), onde se iniciou nas práticas ocultistas. 

Colaborou no jornal “República” e na revista “A Árvore”.
Publicou os volumes de poemas Ossóptico, Isso ontem Único e Afixação Proibida.
Vieram a lume, póstumos, A Verticalidade e a Chave, Exercício sobre o Sonho e a Vigília de Alfred Jarry, seguido de O Senhor Cágado e o Menino.

A forma automática da sua produção poética esconde um lirismo de profunda e visionária seriedade. 


in "Portugal Século XX".



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             Que pensar destes poemas


Que pensar destes poemas: mundo sem classificações,
esquemas, meios diversos e opostos de ser e conhecer,
de se comportar e fazer comportar, de amar e ser amado,
pulverizando as escalas, aparências,
arbitrariedades dialécticas do Bem e do Mal,
da sua reversibilidade, da sua interconexão?

- Porque funde num só corpo:
porque contém a Lei e contém o que destrói a Lei,
é o Paradoxo a forma do Saber Oculto.



in “A Verticalidade e a Chave”


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