domingo, 12 de março de 2017

UM CASO DE POSSE DEMONÍACA





UM CASO DE POSSE DEMONÍACA


A 20 de Outubro de 1969, em Hamburgo, Krzysztof Penderecki estreia a sua ópera Os Diabos de Loudun. É a sua primeira incursão no género lírico, e para ela o compositor polaco escolheu um tema pouco habitual neste campo: o da posse satânica. 

Inspirado num romance de Aldous Huxley, narra a ascensão e a posterior queda do jesuíta Urbain Grandier, condenado à morte em 1634 por ter um servo do diabo e ter corrompido as freiras do convento francês de Loudun. De facto, este tema é apenas um pretexto para propor reflexões sobre a política, a religião ou o sexo aplicáveis tanto à época em que se desenvolve a acção como à actual. 

Estruturada em cenas muito breves, a obra caracteriza-se por uma progressão dramática que alcança o seu grau máximo no final de cada um dos três actos, progressão que, por outro lado, acentua uma orquestração deliberadamente obscura, na qual participam instrumentos tão pouco frequentes como a guitarra-baixo eléctrica.



in “Crónica da Música”


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