ANTÓNIO MARIA LISBOA
(Lisboa,
Portugal, 1928 – 1953)
Poeta
AVISO
A TEMPO POR CAUSA DO TEMPO
Declara-se para que se
saiba:
1.º que não apoiamos
qualquer partido, grupo, directriz política ou ideologia e que na sua frente
apenas nos resta tomar conhecimento: algumas vezes achar bom outras achar mau…
Quanto à nossa própria doutrina, os outros hão-de falar.
2.º que não simpatizando
com qualquer organização policial ou militar achamo-las, no entanto, fruto e elemento
exacto e necessário da sociedade - com quem não simpatizamos igualmente.
3.º que sendo nós indivíduos
livres de compromissos políticos permaneceremos em qualquer local com o mesmo
à-vontade. Seremos nós os melhores cofres-fortes dos segredos do Estado:
ignoramo-los.
4.º que sendo
individualidades e portanto abjeccionalmente
desligados das normas convencionais, temos o maior regozijo em ver essas
mesmas normas nos componentes da sociedade. Assim delas daremos por vezes testemunho
e mesmo ensino.
5.º que não somos assim
contra a ordem, o trabalho, o progresso, a família, a pátria, o conhecimento
estabelecido (religioso, filosófico, cientifico) mas que na e pela Liberdade,
Amor e Conhecimento que lhes preside preferimos estes.
6.º que a crítica é a
forma da nessa permanência.
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Acreditamos que nestes
seis pontos fundamentais vão os elementos necessários para que o Estado, os Governos,
a Polícia e a Sociedade nos respeitem; nós há muito que nos limitamos neles e
neles temos conhecido a maior liberdade. Não se têm do mesmo modo limitado o
Estado, a Polícia e a Sociedade e muito menos o seu último reduto: a família. A
eles permaneceremos fiéis, pois todo o nosso próprio destino e não só parte
dele a estes seis pontos andam ligados como homens, como artistas, como poetas
e por paradoxo como membros desta sociedade.
in"Poesia"
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