segunda-feira, 1 de maio de 2017

MATILDE ROSA ARAÚJO – Páginas de diário (V)

 
 
 
 
OUTRO DIA

 
Que coisa bela pela Avenida acima! (Gosto tanto da Avenida!)
 
Um Almeida cinzento com um carrinho cinzento pela mão: a arranhar pelo chão a roda do carrinho e a vassoura de varrer as folhas e os papéis. Triste, silencioso, só o barulho do carro. Parece um deus do Outono aqui, pobre, desterrado. E contudo há-de haver uma varinha mágica no mundo que o possa tocar. E ele havia de abandonar o carrinho, havia de rir até as árvores se tornarem verdes. E mais.

 

in “Árvore - folhas de poesia” – 1951

 

 

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