segunda-feira, 5 de junho de 2017

ANTÓNIO QUADROS - Poética Contraditória

 
 
 
ANTÓNIO QUADROS
(Lisboa, Portugal, 1923 -1993)

 Filósofo, escritor, poeta e tradutor

Foi um dos principais dinamizadores da chamada geração de “57”, impulsionado pelo magistério de Álvaro Ribeiro, e por isso fortemente empenhado na formulação, desenvolvimento e sensibilização de uma «filosofia portuguesa».
Pertenceu ao Grupo da Filosofia Portuguesa juntamente com destacadas figuras da nossa cultura como o já referido Álvaro Ribeiro, José Marinho, Cunha Leão e Pinharanda Gomes, os quais tiveram como fontes inspiradoras Leonardo Coimbra, Sampaio Bruno e Delfim Santos, entre outros.
O existencialismo e a «filosofia portuguesa» pareciam-lhe meios privilegiados para conduzir ao florescimento da nossa raça. Entendia a questão das filosofias nacionais e o valor da filosofia portuguesa, portadora dos valores futuros, como uma relação aristotélica entre a potência e o acto, sendo a potência a categoria do possível, donde emergia a tentação do profetismo e do messianismo.

 
in “Filosofia e Cultura Luso-hispânica” (excertos)

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Palavras de António Quadros

 “Os escritores em Portugal - já o disse - avaliam-se pelo peso, pelo peso das obras.  Os nossos escritores querem todos pertencer à categoria dos pesados. Obra com menos de trezentas páginas não dá direito à imortalidade (…)
A imortalidade! Que grande insónia…”
 
 
***

 
POÉTICA CONTRADITÓRIA

Não digas o que sabes nos teus versos,
Deixa para trás a ciência e a consciência;
Tudo aquilo que em ti não for ausência
São ideais perdidos, ou submersos.

Abandona-te às vozes que não ouves,
E liberta os teus deuses nos teus dedos;
Não busques os sorrisos, mas os medos,
E o que não for ignoto e só, não louves.

Ser misterioso e triste, é ser poeta:
Mesmo a luz que palpita nos teus cantos.
É uma imagem heroica dos teus prantos.

Percorre o teu caminho até ao fundo,
E com os versos que achaste, aumenta o mundo.
Não sejas um escritor, mas um profeta.

 
in “Viagem Desconhecida”

 

 

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