segunda-feira, 14 de agosto de 2017

LUÍS AMARO - Canção efémera

 
 
 
LUÍS AMARO
(Aljustrel, Portugal, 1923)

Poeta e crítico literário

Foi um dos fundadores e directores das folhas de poesia Árvore (1951-1953). Colaborou na Távola Redonda e nas revistas Seara Nova e Portucale.

Publicou os livros Dádiva, 1949, e Diário Íntimo, 1975.

Influenciada pelo movimento da Presença, a sua poesia intimista de penumbra exprime-a com musicalidade numa linguagem simbolista.


in “Grande Livro dos Portugueses”

 ***
CANÇÃO EFÉMERA

Meu sonho dum momento
Que o engano teceu
E um imperceptível vento
Nas asas envolveu...

Nem fixei a imagem
Ora desfeita e vã:
Ondula na aragem,
Faz parte da manhã.

Quando passou seu rosto
Impressentido, breve,
Que a nuvem dum desgosto
Não fixou nem teve,

Logo uma luz ardente
Em minha alma nasceu:
Imagem finda, ausente,
Dum sonho que foi meu!


Imagem: retrato de Luís Amaro  «a partir de uma fotografia de 1950», pelo artista plástico Luís Manuel Gaspar.


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