quarta-feira, 27 de setembro de 2017

CANCIONEIRO GERAL

 
 
 
 CANCIONEIRO GERAL

 Também conhecido pelo nome de «Cancioneiro de Garcia de Resende», ou «Cancioneiro Geral de Garcia de Resende», numa justa alusão ao seu compilador, a sua natureza situa-se já fora da poesia trovadoresca.
Diz-se que este Cancioneiro foi inspirado no «Cancioneiro de Baena» e no «Cancioneiro de Hernando del Castilho». Impresso em 1516, a sua produção poética, repartida por 286 autores, abrange os reinados de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel. E os temas principais da sua poesia são o lirismo religioso, poesia histórica e heroica, poesia didáctica e poesia satírica.

Um dos poemas do «Cancioneiro Geral», considerado dos mais belos, é da própria autoria de Garcia de Resende. São 22 décimas de redondilha, tendo por tema D. Inês de Castro e os seus amores trágicos com D. Pedro I.

 
in “Literatura Portuguesa”
***

Duas das 22 trovas que Garcia de Resende fez à morte de D. Inês de Castro:

 
Qual será o coração
tão cru e sem piedade,
que lhe não cause paixão
uma tão grã crueldade
e morte tão sem razão?
Triste de mim, inocente,
que, por ter muito fervente
lealdade, fé, amor
ao príncipe, meu senhor,
me mataram cruamente!

                    *
Dous cavaleiros irosos,
que tais palavras lh’ouviram,
mui crus e não piedosos,
perversos, desamorosos,
contra mim rijo se viram;
com as espadas na mão
m’atravessam o coração,
a confissão me tolheram:
este é o galardão
que meus amores me deram.

 

GARCIA DE RESENDE (Évora, Portugal, 1470 - 1536), poeta, cronista, músico, desenhista e arquitecto português.

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