segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

EUGÉNIO DE ANDRADE - Último Poema



EUGÉNIO DE ANDRADE 
(Póvoa de Atalaia, Portugal, 1923 — Porto, 2005)

 Poeta

ÚLTIMO POEMA

É Natal, nunca estive tão só.
Nem sequer neva como nos versos
do Pessoa ou nos bosques
da Nova Inglaterra.
Deixo os olhos correr
entre o fulgor dos cravos
e os dióspiros ardendo na sombra.
Quem assim tem o verão
dentro de casa
não devia queixar-se de estar só,
não devia. 


in “Rente ao Dizer”



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