sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

FRANCISCO JOAQUIM BINGRE - Poetas Pobres




FRANCISCO JOAQUIM BINGRE
(Canelas, Estarreja, Portugal, 1763 – Mira, 1856)

Poeta

Foi em 1790 um dos fundadores da Nova Arcádia.
Escreveu poemas líricos, tendo ocasionalmente cultivado também o poema herói-cómico, a ode, o drama alegórico e a poesia de ocasião.
As suas melhores composições encontram-se no volume O Moribundo Cisne do Vouga, 1850.
A sua poesia, embora dentro dos códigos do arcadismo neoclássico, acusa prenúncios de sentimentalismo romântico.

in “Livro dos Portugueses” (excertos)


POETAS POBRES

Morreu pobre o Camões, pobre o Garção;
Quita e Matos viveram na pobreza;
Bocage teve lances de escasseza,
Muitos dias sofreu falta de pão.


Santos e Silva tinha uma ração
Do Hospital na botica, por fineza.
Parece que capricha a Natureza
Em fechar à poesia a destra mão!

Aqueles foram vates de alto espanto,
Que deixaram no mundo eterno nome,
Muitas vezes comendo o próprio pranto;

Tal o Bingre mirrado se consome:
Se os não pode imitar no doce canto,
Ele os imita vítima da fome.


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