Adufe
Pandeiro
quadrangular bi-membranofone, isto é, composto de uma pele que reveste ambas as
faces de uma armação quadrada, em madeira, muito frequente em Espanha e
Portugal. A sua função exclusivamente rítmica parece ter contribuído, nas
regiões onde subsistiu, para a conservação dos modos arcaicos dos cantares que
acompanhava. A sua origem não está determinada.
O adufe era
cultivado por todo o território português. No séc. XX, porém, já só persistia
em certas manchas da raia trasmontana. Acabou por se manter apenas na Beira
Baixa, aliás com vitalidade assinalável, pelo que é hoje, com inteira justiça,
o ex-libris musical desta província.
O adufe é um
instrumento feminino por excelência, aliás na esteira das tradições hebraica e
árabe, ou melhor, da tradição mediterrânica. A partir de Sábado de Aleluia e do
respectivo canto das alvíssaras, as mulheres e sobretudo as raparigas solteiras
não mais paravam de tocar o adufe até às últimas romarias de Setembro.
Cantar e tocar bem o adufe era predicado e
orgulho das moças, que rivalizavam entre si pelo melhor toque e ritmo que
conseguiam imprimir ao instrumento.
As armas do meu adufe
São de pau de laranjeira
Quem houver de tocar nele
Há-de ter a
mão ligeira.
O adufe era, assim, um instrumento musical
considerado como atributo feminino, na mesma medida em que a viola o era como
instrumento masculino.
in “Enciclopédia Terra Mater” (excertos)
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