segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

ALVES REDOL – Viajar



ALVES REDOL
(Vila Franca de Xira, Portugal, 1911 – Lisboa, 1969)
Escritor

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Editado pelo autor, Glória, uma Aldeia do Ribatejo, é um estudo etnográfico onde se patenteiam as aptidões ficcionistas de Alves Redol. Neste estudo se revela o método que marcará toda a sua obra literária: a vivência e o reconhecimento profundo dos problemas, só atingido com o contacto estreito com os locais e grupos sociais sobre que se debruça.

Gaibéus surge em 1939. Esta obra, o primeiro romance neo-realista escrito em Portugal, é dedicada “à memória de Venâncio Alves e João Redol, ao ferreiro e ao campino”, seus avós. Com este romance inicia Alves Redol o ciclo de ficção temática ribatejana de camponeses e pescadores da borda-d’água.

Escritor empenhado na luta pela melhoria independente das classes trabalhadoras, é preso em 12 de Maio de 1944, debaixo de uma última ameaça, que chega a concretizar-se: nem um lápis nem um papel para escrever, como se quisessem tratá-lo como um novo Robinson Crusoé no centro de uma sociedade fascizante: exprimir-se, ele, Alves Redol, traçando os seus pensamentos com as unhas nas paredes das celas.

Maria Emília é a sua primeira obra de teatro. Segue-se Forja em 1948.

É continuamente vigiado pela PIDE, nomeadamente na volta das suas deslocações ao estrangeiro, por ser um escritor de grande impacto popular e muito admirado pelos trabalhadores das fábricas e dos campos.

Escritor de importância internacional, traduzido, convive com artistas e escritores em França, na Polónia, em Espanha. É impedido de participar num Congresso de Escritores na América Latina.

Em 1961 publica o que é considerado pela crítica o seu melhor romance: Barranco de Cegos.

Alves Redol pode servir de exemplo na procurada e singular condição humana de autodidatismo conseguido pela experiência, pela observação, pelo estudo, pela cultura, pela actividade sócio-política – que sempre procura transmitir aos outros e depois vaza nos seus livros, dos mais admiráveis na nossa literatura.


in "Hemeroteca de Lisboa" (excertos)

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Viajar

Viajar é correr mundo,
voar mais alto que os pássaros
ou pisar o chão da Terra
ou as ondas do  Mar Alto...
É ver bichos
de muitas cores e feitios,
montanhas,
rios,
e ribeiros
e pessoas
e lugares...
Conhecer e descobrir,
inventar e duvidar,
sabendo cada vez mais,
sem nunca pensar que basta
o mundo que se conhece.
E alargá-lo com amor
dentro de nós e dos outros.



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