quinta-feira, 12 de abril de 2018

JOSÉ LEITE DE VASCONCELOS – O homem primitivo



JOSÉ LEITE DE VASCONCELOS
(Ucanha, Portugal, 1858 — Lisboa, 1941)
Linguista, filólogo, etnógrafo

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Fundador e primeiro director do actual Museu Nacional de Arqueologia, ao tempo designado por Museu Etnográfico Português, constitui um dos principais vultos da Cultura Portuguesa dos séculos XIX e XX. 

A importância e diversidade da sua obra encontram-se bem patentes nos diversos volumes e sessões de homenagem que lhe foram dedicados, em vida e de depois da sua morte, em 1941, com 82 anos de idade – uma obra que abrange praticamente todos os campos em que poderia ser abordado o estudo do “Homem Português”, tanto do passado como do presente e especialmente na sua vertente popular: Filologia e Linguística, Literatura, Etnografia, Numismática, Arqueologia, etc.

Leite de Vasconcelos atinge o que se pode considerar o apogeu da sua obra com a criação do Museu Etnográfico Português, em 1893, o lançamento da revista “O Arqueólogo Português”, em 1895, e o início da publicação da sua principal obra, As Religiões da Lusitânia, em 1897.

Na área relativa à Literatura foram publicados, após a sua morte, Romanceiro português (1958-1960), Teatro Popular Português (1974-1979).


in “ Museu de Arqueologia” (excertos)

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O homem primitivo

Miserável, coberto ele folhagem,
Oculto nas cavernas, assustado
Ao ouvir o manso perpassar da aragem
Ou dos trovões o majestoso brado;

Rijo de forças, falto do coragem,
N'um combate cruel desesperado,
E cheio de deleito, embriagado
Diante do sangue do animal selvagem;

Ei-lo aí está: cabelo solto ao vento,
Aspecto bestial e sonolento,
-Talvez sem inda ideais aspirações…

Mas não o insulte nunca a sociedade!
Esse homem representa a humanidade:
Foi d'essa massa que saiu Camões.


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