segunda-feira, 15 de abril de 2019

AFONSO DUARTE - Recordação


AFONSO DUARTE
(Ereira, Portugal, 1884 — Coimbra, 1958)
Poeta

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A sua inspiração, embora estranhamente tradicionalista, desenvolve-se em função de uma permanente preocupação de novidade, traduzida sobretudo numa simplificação de riqueza imagística, numa busca de interioridade e num aprofundamento de estar perante o mundo envolvente.

in “Portugal Século XX”

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 RECORDAÇÃO


Eu bem sei
Que rodo em muitas esferas
E não sei
Por onde me levas, poesia.
Quando vou,
E não encontro ninguém,
Tenho medo do que sei:
Um filho de sua mãe
E seu pai,
Ou algum longínquo avó,
A quem um poeta sai.
Será também o Deus da infância
E a árvore sagrada
De frutos proibidos,
Na fragrância
Com que rasguei meus vestidos
E não retirei os ninhos...
Enchi de rosas a terra
E levo nas mãos espinhos.
 




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