AMÂNDIO
CÉSAR
(Arcos
de Valdevez, Portugal, 1921 – Lisboa, 1987)
Poeta, escritor
***
Foi um dos
elementos do grupo Poesia Nova. Como ensaísta e crítico literário, dedicou
parte da sua actividade à divulgação das literaturas brasileira e africana de
expressão portuguesa, nomeadamente a angolana.
No dizer de Jorge
de Sena, "se a sua poesia se integra, apesar de uma certa versatilidade,
num lirismo tradicional e tradicionalista, os seus contos aproximam-no do
neo-realismo literário na forma de tratar a terra duriense".
in “Poetas Portugueses”
***
ESCOLA VAZIA
Eu
fui lá nesse dia, --como nos outros dias,
só
para ver, mas ver como se fizesse parte,
as
crianças brincar e saltar, despreocupadamerite.
Os
jardins estavam vazios de gritos infantis
e
um bibe verde-claro, ficou-se
balouçando,
no braço estendido
de
qualquer arbusto, ao acaso ...
Os
jardins estão vazios e mesmo os bancós
não
têm ninguém sentado;
um
livro aberto, cadernos pelo chão
e
uma pena que rolou por rolar
e
está espetada como uma seta.
Só
acácias tristes balouçam ao vento,
balouçam
e vão caindo, e o vento continua
balouçando;
só
a escola está vazia,
enquanto
os aviões continuam passando, passando ...
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