TOMAZ DE FIGUEIREDO
(Braga, Portugal, 1902 -
Lisboa, 1970)
Escritor, poeta
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Contribuiu
para o ressurgimento da tradição romanesca camiliana, sendo as suas obras
caracterizadas por um estilo onde o casticismo se funde com o lirismo e por uma
técnica narrativa singularmente moderna.
in “Portugueses Século XX”
***
PARA QUÊ ME DESTE A VIDA ?
Para que foi, ó Mãe, que me criaste?
Mas — antes! — para quê me deste à vida?
Emendando: porquê, de espavorida,
o pescoço me não estorcegaste?
Melhor andaras, Mãe, pois destinaste,
assim, a tua carne a ser perdida.
Ah! Mãe! Na tua gélida jazida,
saberás que, ao seres mãe, me assassinaste?
Mas — antes! — para quê me deste à vida?
Emendando: porquê, de espavorida,
o pescoço me não estorcegaste?
Melhor andaras, Mãe, pois destinaste,
assim, a tua carne a ser perdida.
Ah! Mãe! Na tua gélida jazida,
saberás que, ao seres mãe, me assassinaste?
Se o sabes, no teu ventre, como cunhas,
deves cravar, em desespero, as unhas,
deves na campa estertorar aos ais.
Aqui estou, Mãe, agora, nestas ânsias.
Aqui estou, sem estar. Rojo em distâncias,
só e sem mim, — que é um só demais.
deves cravar, em desespero, as unhas,
deves na campa estertorar aos ais.
Aqui estou, Mãe, agora, nestas ânsias.
Aqui estou, sem estar. Rojo em distâncias,
só e sem mim, — que é um só demais.
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