quarta-feira, 31 de julho de 2019

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL – PAUL CELAN – Fuga da Morte



PAUL CELAN
(Ucrânia, 1920 – França, 1970)
Poeta, ensaísta, tradutor

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Um dos maiores poetas do pós-guerra, Paul Celan teve toda a sua vida e obra marcadas pelo tição do horror nazista. Romeno de língua alemã e ascendência judia, durante a guerra, com a aliança entre Roménia e Alemanha, seus pais foram enviados a um campo de concentração, onde morreram. 

Também enviado a um campo, Celan conseguiu fugir em 1944, com o avanço das tropas russas. Data deste ano a circulação de primeira versão do poema Todesfuge (Fuga da Morte). O poeta suicidou-se em 1970.


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FUGA DA MORTE

Leite negro da madrugada nós o bebemos de noite
nós o bebemos ao meio-dia e de manhã nós o bebemos de
noite nós o bebemos
bebemos
cavamos um túmulo nos ares lá não se jaz apertado
Um homem mora na casa bole com cobras escreve  
escreve para a Alemanha quando escurece teu cabelo de ouro Margarete
escreve e se planta diante da casa e as estrelas faíscam ele assobia para os seus Mastins
assobia para os seus judeus manda cavar um túmulo na terra
ordena-nos agora toquem para dançar
Leite negro da madrugada nós te bebemos de noite
nós te bebemos de manhã e ao meio-dia nós te bebemos de noite nós bebemos
bebemos
Um homem mora na casa e bole com cobras escreve escreve para a Alemanha quando escurece teu cabelo de ouro Margarete
teu cabelo de cinzas Sulamita cavamos um túmulo nos ares lá não se jaz apertado
Ele brada cravem mais fundo na terra vocês aí cantem e toquem
agarra a arma na cinta brande-a seus olhos são azuis cravem mais fundo as pás vocês aí continuem tocando para dançar
Leite negro da madrugada nós te bebemos de noite
nós te bebemos ao meio-dia e de manhã nós te bebemos de noite nós bebemos
bebemos
um homem mora na casa teu cabelo de ouro Margarete
teu cabelo de cinzas Sulamita ele bole com cobras
Ele brada toquem a morte mais doce a morte é um dos mestres da Alemanha
ele brada toquem mais fundo os violinos vocês aí sobem como fumaça no ar
aí vocês têm um túmulo nas nuvens lá não se jaz apertado Leite negro da madrugada nós te bebemos de noite
nós te bebemos ao meio-dia a morte é um dos mestres da Alemanha  
nós te bebemos de noite e de manhã nós bebemos bebemos a morte é um dos mestres da Alemanha seu olho é azul
acerta-te com uma bala de chumbo acerta-te em cheio
um homem mora na casa teu cabelo de ouro Margarete
ele atiça seus mastins sobre nós e sonha a morte é um dos mestres da Alemanha  
eu cabelo de ouro Margarete
teu cabelo de cinzas Sulamita





Tradução: Modesto Carone
 in “Segunda Guerra Mundial - Uma Antologia Poética" – Sammis Reachers





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