VLADIMIR
NAZOR
(Croácia, 1876 – 1949)
Poeta,
escritor, tradutor
***
Nazor foi figura relevante
do Modernismo jugoslavo. Mesmo com 67 anos durante a Segunda Guerra, o escritor
engajou-se na resistência contra a ocupação nazista e o estado-títere da
Croácia Independente. Em 1944 publicou o livro Canções dos Partizani.
***
MÃE
ORTODOXA
Com
as mãos e os olhos escavas esta terra
Em
busca do berço, do ícone de São Jorge,
Choras
junto à cova coberta de fuligem,
Queres
o bordado que a fumaça soterra - lar enlutado –
Tu,
galho quebrado, pobre entre as mulheres,
mãe
ortodoxa.
Com
os pés cansados, hirtos, que não se aguentam,
Saíste
à procura de tua vaca leiteira,
Nutriz
das crianças e velhos. Mas sem eira
Nem
beira lobos ou selva negra retinta - pés doloridos - Escondem. Não sofre,
ninguém quer queijo ou leite,
mãe
ortodoxa.
Choraste
o destino de teu fiel companheiro,
Surrado
como um cão, alvejado nas costas,
Torturado ou então atirado em masmorras.
Coração
ardente, firme, duro e altaneiro - viajor amigo - Voltou mutilado, morreu em
teu regaço, mãe ortodoxa.
Junto
às cinzas de tua casa jazem os filhos,
Garganta
cortada, chamam pela mãe, choram
Junto
de seus avós e na vala estertoram
Com
medo da cova húmida. E teus lábios - cova maldita –
O silêncio cerra com trevas e humidade, mãe ortodoxa.
Não
afoga tua dor, infeliz, retesada,
Sombria.
Deixa que tua mágoa pelo mundo
Durante
séculos ecoe, antiga, funda.
Que
ouçam tuas lembranças. Silenciosa, pálida, - que dor profunda -
Agora coberta de auréola de martírio, mãe ortodoxa.
(Numa aldeia
sérvia incendiada junto a Vrginmost, Janeiro de 1943)
Tradução: Aleksandar Jovanocic
in “Segunda Guerra Mundial - Uma Antologia
Poética – Sammis Reachers
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