domingo, 23 de fevereiro de 2020

A INQUISIÇÃO EM PORTUGAL (VIII)





A INQUISIÇÃO EM PORTUGAL (VIII)


Quatro modos de tortura que se usavam no Santo Ofício português: corda ou polé, água, fogo e potro.

A tortura da corda ministrava-se de um modo bastante bárbaro e consistia em se amarrarem os braços, um sobre o outro e voltados para trás, com uma corda pendente duma roldana sustida em o alto da casa dos tormentos e por meio dela era então guindado o paciente, assim amarrado, até quase à altura da casa. Conservado por algum tempo suspenso e quando o peso do corpo tinha já feito tomar aos membros superiores uma posição aflitiva, largava-se repentinamente a corda numa graduação para ficar o corpo elevado alguma coisa do plano da casa, sofrendo o paciente um choque considerável. 

Esta flagelação repetia-se tantas vezes quantas bem julgavam os ministros assistentes e à força dos repetidos balanços comportados, o infeliz posto a trato sentia deslocarem-se-lhe e até fracturarem-se-lhe violentamente os ossos, o que fazia exalar gemidos penetrantíssimos – que conquanto devessem ser muito dolorosos e comoventes mais facilmente abalariam as pedras da casa que os arrefecidos corações desses sacerdotes volvidos algozes.


(continua)


in “História dos Principais Actos e Procedimentos da Inquisição em Portugal” – José Lourenço D. de Mendonça e António Joaquim Moreira.

Imagem: aguarela “A Expulsão dos Judeus”, do artista Roque Gameiro, que retrata a história da Inquisição em Portugal.

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