terça-feira, 30 de junho de 2020

OVELHAS NÃO SÃO P’RA MATO




OVELHAS NÃO SÃO P’RA MATO

Ovelhas não são p’ra mato,
Sabe-o bem o pastor;
Deixam a lã no carrasco,
A “perca” é do lavrador.

A “soidade” é uma flor,
Que se cria em qualquer vaso;
Lealdades no amor,
Só se encontram por acaso.

A azeitona quando nasce,
Nasce logo redondinha;
Tu também quando nasceste,
Foi logo para seres minha.

És meu amor, és meu tudo,
És da minha simpatia;
Tu és a brilhante estrela,
Para mim és luz do dia.

Não me namora o teu riso,
Nem a tua formosura;
Namora-me o teu juízo,
Que é o que um homem procura.



Cancioneiro Popular - Quadras recolhidas por José Leite de Vasconcelos, filólogo, etnógrafo (Portugal, 1858 – 1941).
Imagem: pintura de José Malhoa (Caldas da Rainha, Portugal, 1855 – Figueiró dos Vinhos, 1933).

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