sexta-feira, 31 de julho de 2020

O MEU PAI JÁ ESTÁ DEITADO



O MEU PAI JÁ ESTÁ DEITADO

O meu pai já está deitado,
Minha mãe está-me a chamar;
Eu bem sei o qu’ela quer,
Não me deixa namorar.

Não me deixa namorar,
Diz que o tempo já passou;
Coitada já não se lembra,
Que ela também namorou.

Que ela também namorou,
Num tempo que já lá vai;
Coitada já não se lembra,
Que namorou o meu pai.

Tão triste agora me vejo,
Sem a tua companhia;
Que até já nem me lembro,
Se fui alegre algum dia.

Ó meu bem quando casarmos,
Não te quero ver mondar;
Quero que fiques em casa,
Porque te quero estimar.

O meu amor é carreiro,
Tem arreatas na mão;
Eu também o trago a ele,
Dentro do meu coração.




Cancioneiro Popular - Quadras recolhidas por José Leite de Vasconcelos, filólogo, etnógrafo (Portugal, 1858 – 1941).
Imagem: pintura de José Malhoa (Caldas da Rainha, Portugal, 1855 – Figueiró dos Vinhos, 1933).

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