Ruy Belo nasceu
em S. João da Ribeira, Rio Maior, no dia 27 de Fevereiro de 1933 e viveu até 8
de Agosto de 1978.
Foi licenciado em Filologia Românica e em Direito
pela Universidade de Lisboa. Doutorou-se em Direito Canónico na Universidade
Gregoriana, em Roma, com uma tese intitulada “Ficção Literária e Censura
Eclesiástica”.
Foi director literário da “Editorial Aster” e chefe
de redacção da revista “Rumo”.
Participou na greve académica de 1962 e foi
candidato a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade
Democrática.
Foi leitor de Português em Madrid. Quando regressou
a Portugal, o governo não permitiu que leccionasse na Faculdade de Letras de
Lisboa, devido às suas actividades políticas como opositor do regime. Foi
professor na Escola Técnica do Cacém, dando aulas no ensino nocturno.
Ruy Belo, apesar de breve período de actividade
literária, foi um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século
XX. As suas obras têm sido reeditadas várias vezes.
Os seus primeiros livros de poesia foram: “Aquele
Grande Rio Eufrates” e “O Problema da Habitação”.
A sua obra que está organizada em três volumes sob
o título “Obra Poética de Ruy Belo”, é considerada uma das mais importantes da
poesia portuguesa contemporânea.
“Boca Bilingue” e “Homem de Palavras”, entre
outras, são obras de temática religiosa e metafísica.
Obteve destaque como tradutor de escritores, tais
como, Montesquieu, Jorge Luís Borges, Antoine de Saint-Exupéry e Frederico
Garcia Lorca.
Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o
grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant´iago da Espada.
E Tudo era Possível
Na
minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava
o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E
tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só
sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer.
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer.
Ruy
Belo, in “Homem de Palavra (s).
Parabéns por este e todo o blog, muito bom
ResponderEliminarMuito obrigado, Marcelo. Espero que continue a gostar.
EliminarUm abraço
José Eduardo Taveira