domingo, 15 de dezembro de 2013

MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO

 
 

        
         Maria Amália Vaz de Carvalho nasceu em Lisboa, no dia 2 de Fevereiro de 1847.Viveu até 24 de Março de 1921.

        Foi poetisa, cronista, tradutora, biógrafa, crítica literária.

        Em 1867 escreveu o seu primeiro livro de poemas, intitulado: “Uma Primavera de Mulher”.

        Desempenhou um trabalho importante sobre o papel da mulher na sociedade da época, assim como na sua educação.

        Foi a primeira mulher a ingressar na Academia de Ciências de Lisboa, em 1912, a par da escritora Carolina Michaëlis.

        Em 1993, a Câmara Municipal de Loures criou o “Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho”, dedicado a jovens talentos de Poesia.

        Foi condecorada com o oficialato da Ordem de Sant´Iago.

        Em Lisboa, na Rua Rodrigo da Fonseca, existe um Liceu com o nome da poetisa.

       
        Este poema foi escrito por Maria Amália Vaz de Carvalho, dedicado a seu pai, José Vaz de Carvalho, “em tributo d´extremoso affecto e profunda gratidão”.


 
 
Ouve-me Pae, da minha lyra tímida
ouso as premicias a teus pés depôr,
e leia n´ellas o teu vasto espirito
humilde preito de infinito amor!
 
C´rôa singella de nevados lyrios,
por mim tecida com suave enleio!
vagas cadencias amorosas, languidas,
que a primavera me verteu no seio!...
 
Scentelhas soltas d´uma chamma etherea…
mysticos sonhos que eu soletro só…
que são?.. que valem, para o mundo frívolo
todo envolvido em seu doirado pó?
 
Só tu meu Pae acolherás sollicito
a minha incerta e juvenil canção!
tu, que de amores me doiraste a infância!..
me és premio à lira, e ao mal, se o fiz, perdão!
 
Oh! se n´um sonho fugitivo, rápido,
vira da gloria a divinal miragem…
se em magas horas de fugaz delírio
me endoidecera essa risonha imagem…
 
Se o echo ao longe dos aplausos fervidos
désse à minh´alma embriaguez febril,
e se os laureis d´entre inspirados extasis
me florejassem num perpetuo abril!
 
Sabes o premio que antevira, esplendido!
e a recompensa que eu sonhára então?
fôra em teus lábios um sorrir de jubilo
fôra uma bênção da tua nobre mão!


Maria Amália Vaz de Carvalho, in “Uma Primavera de Mulher”.

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