quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Matsuo Bashô

 
 

Matsuo Bashō (1644-1694) nasceu em Tóquio, Japão.

Aos nove anos, foi aprendiz de um samurai  que lhe incutiu o interesse  pela poesia.

Viajou por todo o Japão recolhendo inspiração nas bonitas paisagens e lugares, para escrever as suas poesias e textos em prosa.

Foi um dos primeiros grandes poetas do novo género poético, de origem japonesa, denominado haiku.

Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses, totalizando sempre cinco sílabas, e sete caracteres na segunda linha de sete sílabas.

Aos 45 anos de idade iniciou uma longa viagem  pelo nordeste de Honshû, durante a qual escreveu “A Estrada Estreita para o Norte Profundo”, uma colectânea dos seus mais famosos haikus.

Algumas das suas obras: “Minashiguri “; “Nozarashi Kikô”; “Sumidawara”.

Palavras de Matsuo Bashō:
"Não siga as pegadas dos antigos, procure o que eles procuravam"
 
 
Primavera
 
Abrindo de par em par
as portas do palácio:
A PRIMAVERA
 
Apesar da névoa
mesmo assim é belo
o Monte Fuji
 
Não esqueças nunca
o gosto solitário
do orvalho
 
Brisa ligeira
A sombra da glicínia
Estremece
 
Uma rã mergulha
no velho tanque...
O ruído da água
 
De que árvore em flor
não sei -
Mas que perfume
 
A cada sopro do vento
muda de folha
a borboleta no salgueiro
 
A uma papoila
deixa as asas a borboleta
como recordação
 
Flores de cerejeira no céu escuro
e entre elas a melancolia
quase a florir
 
Extingue-se o dia
mas não o canto
da cotovia
 
Lua cheia:
para repousar os olhos
uma nuvem de tempos a tempos
 
Flores queimadas pela geada
Os grãos caídos
semeiam a tristeza
 
Depressa se vai a primavera
Choram os pássaros e há lágrimas
nos olhos dos peixes.
 
Matsuo Bashô

 
 

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