quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Mário Dionísio

 

Mário Dionísio (1916-1993) nasceu em Lisboa.

Licenciou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Foi escritor, poeta, ensaísta, romancista, crítico de arte, tradutor, professor e pintor.

Colaborou em diversas publicações literárias. Foi director do jornal “Gleba”.

Mário Dionísio, poeta ligado ao Novo Cancioneiro, foi um dos mais importantes impulsionadores do neo-realismo.

Escreveu vários estudos e prefácios críticos sobre obras de escritores portugueses, tais como: Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, Alves Redol, José Gomes Ferreira, José Cardoso Pires e Fernando Pessoa.

Em 1989 realizou a sua primeira exposição individual. Colaborou em diversas exposições colectivas.

Sobre pintura, editou: “Vincent Van Gogh”, “Conflito e Unidade da Arte Contemporânea”, “A Paleta e O Mundo”.

Viajou até Paris onde entrevistou pintores de diversas nacionalidades, tais como Pignon, Lurçat, Taslitsky, etc. Publicou as entrevistas na revista “Vértice”.

Participou em diversos eventos internacionais, destacando-se “Os Encontros Internacionais de Genebra”, sobre vários temas. 

Recebeu os prémios: Prémio do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, Grande Prémio de Ensaio da Sociedade Portuguesa de Escritores e o Troféu "Pintor do Ano" da Antena 1.desnho de Júlio Pomar

Em 2009, foi inaugurada em Lisboa, a Casa da Achada- Centro Mário Dionísio, fundada por amigos, alunos e estudiosos da sua obra, onde se encontram os seus espólios literário e artístico.
 

Palavras de Mário Dionísio:

“Uma Poesia por dia, nem sabe o bem que lhe faria."

 

                              Complicação

 
As ondas indo, as ondas vindo — as ondas indo e vindo sem
parar um momento.
As horas atrás das horas, por mais iguais sempre outras.
E ter de subir a encosta para a poder descer.
E ter de vencer o vento.
E ter de lutar.
Um obstáculo para cada novo passo depois de cada passo.
As complicações, os atritos para as coisas mais simples.
E o fim sempre longe, mais longe, eternamente longe.

Ah mas antes isso!

Ainda bem que o mar não cessa de ir e vir constantemente.
Ainda bem que tudo é infinitamente difícil.
Ainda bem que temos de escalar montanhas e que elas vão
sendo cada vez mais altas. Ainda bem que o vento nos oferece resistência
e o fim é infinito.

Ainda bem.
Antes isso.
50 000 vezes isso à igualdade fútil da planície.

Mário Dionísio, in “Poesia Incompleta”

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