quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Cancioneiro Popular – (VI)

 
 

 
            O Frade
(Versão da Beira-Baixa)

 

Triste vida é a de um frade,
É peor que a de uma freira;
Andar de noite à carreira,
E penitencia.

É preciso paciencia
Com o nosso noviciado;
Estar um anno encerrado,
Eu não sabia.

Eu disse que não queria
Ser frade n´este convento,
Para meu maior tormento
Experimentei.

Eu à força professei,
Por meu pae assim querer;
Ser defunto sem morrer
Amortalhado!

Num fogo vivo abrazado
Com este meu cruel vestido;
Quando me vejo despido
Estou contente..

Quando me vejo doente
Requeiro a enfermaria,
Então tenho alegria
Pelo descanço.

Se alguma licença alcanço
Meu pae me vem visitar,
Com os frades vae passear
E eu também vou.

De noite às portas da cella
O sino ouço tocar,
Ai de mim, que para o côro
Vou resar.

 

Esta canção está incluída no “Cancioneiro Popular” de 1867, coligida por Teófilo Braga.

 

 
 

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