sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Chaves na mão, melena desgrenhada

 


Chaves na mão, melena desgrenhada

 Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé no chão, a mãe ordena
Que o furtado colchão fofo e de pena
A filha o ponha ali, ou a criada.
 
A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz co'a doce voz que o ar serena:
"Sumiu-se-lhe um colchão?! é forte pena;
 Olhe não fique a casa arruinada.
 
"Tu respondes-me assim? Tu zombas disto?
  Já cuidas que por ter pai embarcado,
  á a mãe não tem mãos?" E, dizendo isto,
 
Arremete-lhe à cara e ao penteado;
  Eis senão quando (caso nunca visto!)
   Sai-lhe o colchão de dentro do toucado.
 
 
Nicolau Tolentino - (Poeta português)


 

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