quinta-feira, 3 de abril de 2014

Boris Pasternak

 
 
 

Boris Pasternak ( 1890 – 1960) nasceu em Moscovo, Rússia.

Poeta, romancista e tradutor, foi um dos grandes nomes da literatura russa.

Estudou Filosofia na Universidade alemã de Marburg.

Com o livro de poesia  “Minha Irmã, a Vida”, alcançou fama de grande poeta.

Perseguido pela sua oposição ao regime  estalinista, Pasternak viu ser proibida a publicação do seu grande sucesso literário “Doutor Jivago”, que continha contundentes críticas ao regime soviético. Assim, o livro foi publicado em Milão, Itália, em 1957.

Esta obra está traduzida em mais de 18 idiomas.

Este grande romance é, na sua natureza, autobiográfico, pois os ideais de Jivago e Pasternak são semelhantes.

Em 1958, foi agraciado com o “Prémio Nobel de Literatura”.
O escritor aceitou-o, mas ameaçado de expulsão da Rússia pelo governo comunista, foi obrigado a rejeitar o prémio.

 Nesse mesmo ano, foi expulso do Sindicato dos Escritores Soviéticos.
 
 
Palavras de Boris Pasternak:
“Os detentores do poder ficam tão ansiosos por estabelecer o mito da sua infalibilidade que se esforçam ao máximo para ignorar a verdade.”
 
 
 

   Definição de poesia

Um risco maduro de assobio.
O trincar do gelo comprimido.
A noite, a folha sob o granizo.
Rouxinóis num dueto desafio.

Um doce ervilhal abandonado
A dor do universo numa fava.
Fígaro: das estantes e flautas
Geada no canteiro, tombado.

Tudo o que para a noite releva
Nas funduras da casa de banho,
Trazer para o jardim uma estrela
Nas palmas húmidas, tiritando.

Mormaço: como pranchas na água,
Mais raso. Céu de bétulas, turvo.
Se dirá que as estrelas gargalham,
E no entanto o universo está surdo.


Boris Pasternak
Tradução: Haroldo de Campos.

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