sexta-feira, 4 de abril de 2014

PRÉMIO CAMÕES - 1998

 
 




António Cândido Mello e Souza nasceu a 24 de Julho de 1918, no Rio de Janeiro, Brasil.
Sociólogo, escritor, professor universitário, crítico literário, é considerado um dos principais intelectuais do Brasil.

Em 1998, foi galardoado com o Prémio Camões. Recebeu-o em Lisboa, em Julho do mesmo ano.

 

Palavras de António Cândido Mello e Souza:
“O estudioso de literatura não pode dispensar o conhecimento adequado dos aspectos externos, porque não lhe basta, como ao leitor comum e mesmo ao amador do bom gosto, sentir e gostar; a sua tarefa não se perfaz sem os conhecimentos obtidos pela erudição literária.”



Excertos  de “A vida ao rés-do-chão”:

A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor. (…)
(…) A leitura de Bilac é instrutiva para mostrar como a crônica já estava brasileira, gratuita e meio lírico-humorística, a ponto de obrigá-lo a amainar a linguagem, descascá-la dos adjetivos mais retumbantes e das construções mais raras, como as que ocorrem na sua poesia e na prosa das suas conferências e discursos. Mas que encolhem nas crônicas. É que nelas parece não caber a sintaxe rebuscada, com inversões frequentes; nem o vocabulário “opulento”, como se dizia, para significar que era variado, modulando sinônimos e palavras tão raras quanto bem-soantes.
Num país como o Brasil, onde se costumava identificar a superioridade intelectual e literária com grandiloqüência e requinte gramatical, a crônica operou milagres de simplificação e naturalidade, que atingiram o ponto máximo nos nossos dias, como se pode ver nas deste livro. (…)

António Cândido Mello e Souza  

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