segunda-feira, 14 de abril de 2014

Cancioneiro Popular – (VIII)

 
 
 

 
Trabalhadores do Mar

 
 
Às dez horas parte o barco,

Às onze horas larga a vela;

Ao meio dia em ponto

Parte o meu amor da terra.

 

As ondas do mar são verdes,

As do meio amarelas;

Coitadinho de quem nasce

Para andar no meio delas!

 

As ondas do mar são verdes,

Por dentro são amarelas;

Coitado do meu amor

Que navega dentro delas!

 

Eu cá vou pelo mar dentro,

Já não vejo minha terra,

Só vejo o mar e vento

E a auga que me leva

 

Eu corri o mar à roda,

Com uma vela branca acesa;

No mar não achei fundura,

Em vós não achei firmeza!

 

Eu corri o mar à roda,

Nas asas dumas formigas;

Já perdi o tacto à terra,

E a amizade às raparigas.

 

Ó mar bravo, ó mar bravo,

Que assim andas furioso!

Se tu, mar, foras casado,

Serias mais amoroso!

 

Ó mar, colchão dos navios,

Ó cama dos marinhêros,

Ó navio que me levaste

Os mês amores verdadêros.

 

 

Cancioneiro Popular Português de J. Leite de Vasconcellos

 

 

 

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