domingo, 25 de maio de 2014

Rui Knopfli

 

Rui Knopfli (1932-1997) nasceu em Inhambane, Moçambique.
Foi poeta, jornalista e crítico literário.

Colaborou com diversos jornais e revistas, tais como “A Tribuna” e “A Voz de Moçambique”.

Em 1959, publicou o primeiro livro intitulado “O País dos Outros”.
Lançou, com João Grabato Dias, os cadernos de poesia “Caliban”.

Desde os anos 50, desenvolveu uma obra poética que não se incluía nas correntes literárias moçambicanas, adoptando a tradição lírica do Ocidente.
Alguns dos seus livros: “Reino Submarino”; “Máquina de Areia”; “Mangas Verdes com Sal”.

Em 1982, publicou a colectânea de poemas “Memória Consentida”.

Recebeu o prémio de poesia do PEN Clube.

 

 
Palavras de Rui Knopfli:

“Eu trabalho, dura e dificilmente, a madeira rija dos meus versos, sílaba a sílaba, palavra a palavra…”


           Monólogo
 
Adivinho teu corpo dentro
da noite. Soltos os cabelos
cor de areia fina, delidos
os contornos no linho do lençol.
Dormes tranquilamente. Tudo em
mim é presença tua. E, enquanto
dormes, algo de mim habita
e persiste em ti. Tu dormes
e eu espreito teu sono. Algo
de fluido nos liga e envolve.
Vejo-te lucilar na noite,
teus longos inteiriçados membros
fremindo. Momento breve que perdura.
Depois acordas cinzenta,
banhada em pranto,
oferecendo o perfil suave
ao beijo morno de um céu
onde a aurora se demora.
 
 
Rui Knopfli, in “Reino Submarino”.
 




 

 

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