domingo, 23 de novembro de 2014

Mário Beirão

 
 




Mário Beirão (Beja, Portugal, 1890 – Lisboa, Portugal, 1965).
Poeta inserido na corrente literária e filosófica do saudosismo, publicou o seu primeiro livro intitulado: O Último Lusíada.

Foi um dos colaboradores da revista “A Águia”.

Algumas das suas obras: Ausente, Lusitânia, A Noite Humana, Pão da Ceia.
O tema dominante da sua obra é o Alentejo, com as suas paisagens e as suas gentes.

Hernâni Cidade, crítico literário e historiador, considerou Mário Beirão como “o maior de todos depois de Pascoaes, o grande revelador da alma nostálgica.”

 

                 Enlevo

 

Porque esse olhar de sombra de temor
Se perde em mim, às horas do sol posto,
Quando é de âmbar translúcido o teu rosto,
E a tua alma desmaia como flor;

Porque essas mãos, ardidas de fervor,
Ampararam minha vida de desgosto,
Pobre que sou, Mulher, eu hei composto
Harmonias de prece em teu louvor!

Dei-te a minha alma para ti nascida,
Meus versos que são mais que a minha vida;
Por Deus, perdoa ao mísero mendigo!

Perdoa a quem, ansioso de outro mundo,
Implora à Morte o sono mais profundo,
Só pela graça de sonhar contigo!

 

Mário Beirão, in “366 Poemas que falam de amor”, antologia organizada por Vasco Graça Moura.


 

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